Gondomar transformado "num inferno". População ajuda bombeiros a combater as chamas
17-09-2024 - 17:00
 • Jaime Dantas

Os habitantes da freguesia de Jovim viram as chamas a chegar bem perto das suas casas. Como resposta à vaga de incêndios, o município de Gondomar montou um centro de acolhimento temporário para os desalojados.

Tem sido uma terça-feira infernal para os habitantes da freguesia de Jovim, Gondomar. O município está a ser assolado por vários focos de incêndio, à semelhança de outras localidades no norte e centro do país.

Ao final desta manhã poucos eram os bombeiros no local - que não tinham mãos a medir - e, por isso, a população juntou-se aos operacionais na luta contra o fogo. Ângelo era uma dessas pessoas e contou à Renascença que o que mais o impressionou foi a imprevisibilidade das chamas.

"O fogo parecia estar longe e, numa fração de segundos, com o vento, chegou muito perto da estrada. Era um calor imenso e as pessoas começaram a gritar e a fugir. Não havia bombeiros... Eles têm de estar em tanto sítio ao mesmo tempo que não conseguem chegar a todo lado", conta.

Com a roupa repleta de manchas negras de cinzas, lembrou a "explosão" das chamas que traz consigo "vento e calor muito intensos".

"Nós regávamos [os terrenos] com água e parecia que começava tudo a evaporar porque era mesmo muito calor", sublinha.

Um pouco mais abaixo, num local onde as chamas se viam, na altura, mais ao longe, Carolina Macedo, habitante da zona há mais de 40 anos, confessava, emocionada, que nunca viu "nada assim".

"Isto é impressionante, é um inferno. Só se vê preto, não se vê nada, não se consegue vir cá fora. Vamos começar a andar aqui a regar, a molhar isto, porque está tudo seco. Se começarem a arder aqui os kiwis é que vai tudo. Perdem as vidas das pessoas, dos bombeiros, e nós estamos aqui aflitas e muita gente sem casas", lamenta.

Apesar das autoridades recomendarem que as pessoas se mantenham em casa, algumas tiveram mesmo que abandonar a sua habitação. Para as receber foi montado pela autarquia um centro de acolhimento no pavilhão multiusos da cidade.

Durante a tarde, a Renascença visitou o local, onde se encontrava a vereadora da Ação Social e Saúde, Cláudia Vieira. Quem chega tem ao seu dispor as equipas de apoio social da autarquia e da Unidade Local de Saúde de Santo António a prestar cuidados de saúde primária e saúde pública.

A autarca lamenta a situação que o município atravessa e garante que o executivo está "preparado para poder responder" às necessidades da população.

"Tivemos durante o dia de ontem 23 idosos de um lar acompanhados pela equipa de enfermagem e pelos auxiliares e que tiveram aqui um espaço seguro. Também alguns populares que, pela necessidade de evacuação das suas habitações, também aqui se dirigiram", acrescenta.