O Estado está a ser mau pagador. A dívida da a fornecedores (a 90 dias) aumentou na última legislatura para 702 milhões de euros. A Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e pela associação que representa a indústria farmacêutica – APIFARMA lançam, esta segunda-feira, um apelo sobre a necessidade de pontualidade nos pagamentos.
Uma tomada de posição que surge após uma análise das últimas três legislaturas: o Estado voltou a aumentar o volume de pagamentos com atrasos superiores a 90 dias, após um período de descida.
O secretário-geral da ACEGE, Jorge Libano Monteiro, revela nos últimos anos inverteu-se a tendência de descida que tinha existido entre 2012 e 2015. Mas no último ciclo governativo o valor voltou a aumentar e na última legislatura do Governo socialista houve um aumento de 45% da dívida a fornecedores.
“É por isso que fazemos este apelo urgente ao Governo para que olhe para estas dívidas que têm a mais de 90 dias e arranje forma de as liquidar ou, pelo menos, arranje um calendário para que possa liquidar esta dívidas. Não é aceitável, que o Estado - no momento que tem alguma facilidade e algum excedente orçamental - continue a dever a mais de 90 dias a um grupo tão grande de fornecedores”, acusa o mesmo responsável.
Mas é possível alterar a realidade dos pagamentos em Portugal? Jorge Libano Monteiro diz que sim e dá o exemplo da administração local.
“Nestes 12 anos que analisamos é interessante perceber que as câmaras municipais e o poder local conseguiram passar os prazos de pagamento de 129 dias para 27 dias, tendo conseguido diminuir a dívida que tinham a mais de 90 dias de 1,2 mil milhões de euros para cerca de 200 milhões”, explica.
Este relatório das organizações empresariais analisou também as dívidas do setor privado e conclui que, de um modo geral, os prazos de pagamento também têm diminuído. “Sentimos que no global há um caminho positivo que tem vindo a ser feito. Desde 2012, as empresas têm vindo a diminuir os seus prazos de pagamento: o prazo médio passou 81 para 71 dias; já as que pagam até 30 dias também melhorou 3%”, descreve.
A maior preocupação reside nas grandes empresas, pois poucas pagam a horas. O secretário geral da ACEGE diz mesmo que o grande problema é a dificuldade de prever quando é que os pagamentos são feitos, a que chama o “grande drama é a imprevisibilidade da tesouraria”.
“Só 5,6% das grandes empresas pagam no prazo acordado, embora depois a maior parte pague até 30 dias”, acrescenta.