Quais foram os alvos?
Este julgamento acontece seis anos após os atentados em Paris. Na noite de 13 de novembro de 2015, um ataque concertado matou 130 pessoas e fez 4.000 feridos: na sala de espetáculos Bataclan, no estádio Stade de France, em Saint-Denis, e numa zona de esplanadas e restaurantes.
Entre as vítimas mortais estava um português, um taxista que estava perto do portão D do estádio, e uma jovem luso-descendente que assistia a um espetáculo no Bataclan.
Quem vai estar no banco dos réus?
Foram identificadas 20 pessoas consideradas figuras-chave, que terão participado na conceção e preparação dos atentados. Mas no banco dos réus só vão estar 14, porque as outras seis estão em paradeiro desconhecido.
Mas há uma figura principal?
O único terrorista vivo que participou diretamente nos atentados: Salah Abdeslam ajudou a preparar os ataques coordenados e foi ele que deixou três terroristas no estádio de futebol para realizarem o ataque.
Este belga, de origem marroquina, deveria utilizar um colete de explosivos para levar a cabo outro ataque, mas abandonou-o e fugiu para a Bélgica. Desde a sua prisão, no início de 2016, que está em silêncio, recusando cooperar com as autoridades. Apenas disse que o que fez foi a pedido do irmão, Brahim, que morreu nos atentados.
Outro acusado é Mohamed Abrini, que terá acompanhado os terroristas até à região parisiense, tendo um papel importante no financiamento e na facilitação de armas para o ataque daquela noite.
É um julgamento mediático com uma logística que envolve muito recursos. Há números?
As autoridades estimam que o julgamento vai envolver mais de três mil pessoas: do lado das vítimas são cerca de 1.800, há ainda 330 advogados além de funcionários e polícias.
Estão também instaladas dez câmaras para filmar em permanência o processo e as audiências vão ser retransmitidas para uma dezena de salas, onde vítimas, advogados e jornalistas vão acompanhar os trabalhos.
Para acolher toda a logística teve de ser construída uma sala de audiências especial no Palácio de Justiça de Paris, junto à Catedral de Notre Dame, que tem uma lotação máxima de 550 pessoas.
Vão estar presentes 141 órgãos de comunicação social, 58 dos quais internacionais.
Qual a duração deste julgamento?
As audiências devem decorrer, pelo menos, durante oito meses, com cerca de 145 dias de julgamento nesse período.
O processo conta com 542 volumes, cerca de um milhão de páginas de investigação e provas.
E em termos de segurança?
De forma a proteger todos os intervenientes, o julgamento decorre num clima de alta segurança, com o reforço do policiamento.
Foi estabelecido um perímetro de segurança e o acesso às imediações do Palácio de Justiça só é permitido a pessoas previamente autorizadas, como vítimas, advogados ou jornalistas. Vai ser assim até dia 25 de maio, data prevista do veredicto.