Os familiares dos jovens atletas, que têm andado de escadote às costas para se empoleirar nos muros e assim ver os filhos jogar, encontram sinais de esperança na decisão da câmara de Vila Nova de Gaia. A autarquia emitiu uma nota em que anuncia que, “tendo em conta a situação pandémica, e de acordo com as linhas orientadoras da Direção-Geral da Saúde, autoriza a permanência de espetadores (familiares dos atletas) nos jogos de formação desportiva”.
Vânia Pereira, que criou na internet o grupo “Quero ver o meu filho minha filha jogar” espera que o Conselho de Ministros desta quarta-feira dê continuidade a este sinal positivo transmitido pela Câmara de Gaia. “Quero acreditar que isto é um princípio para um fim e que hoje alguma coisa vai ser dita nesse sentido. Essa é a nossa esperança e a nossa luta. Apenas queremos ver os nossos filhos jogar” diz, numa entrevista a Bola Branca.
É justamente para ver os filhos jogar que milhares de familiares de atletas têm invadido terrenos privados, subido a contentores do lixo, ou trepado a muros, para ver do lado de fora o que lhes é vedado ver no interior dos recintos desportivos. A necessidade aguça o engenho, como diz o povo, mas Vânia Pereira não quer que a exceção se transforme regra.
“É incrível a capacidade que temos de adaptação. O meu maior medo é que isto demore tanto tempo que aquilo que é adaptado se torne normal. Para mim começa a ser um hábito andar de escadote no carro para ver o meu filho jogar. Não, não podemos fazer disto uma regra”, assinala, inconformada.
O grupo criado na internet por Vânia Pereira há apenas três dias já congrega mais de seis mil membros. A fundadora do grupo destaca o caráter pacífico da iniciativa, apesar da revolta de muitos pais por não poderem ver os filhos jogar. Estão agora na expetativa de que o Governo generalize a todo o país a decisão anunciada pela Câmara Muncipal de Gaia de permitir a acesso de espetadores aos recintos com jogos de formação desportiva.