O chefe do departamento de relações externas do Patriarcado de Moscovo considera que “as relações entre o Ocidente e a Rússia chegaram a um beco sem saída, devido à perda de confiança mútua”.
“Nesta situação, é essencial renunciar à retórica do ultimato, estabelecer canais de diálogo e organizar negociações oficiais e não oficiais que possam ajudar a alcançar uma paz justa. Como cristãos, somos chamados a apoiar esta causa com as nossas orações e nosso trabalho”, defende em resposta à carta enviada pelo presidente da Comissão dos Episcopados Católicos da Comunidade Europeia (COMECE) ao Patriarca de Moscovo Kirill, pedindo que apelasse às autoridades russas para interromper imediatamente as hostilidades contra o povo ucraniano
Na carta de resposta, divulgada esta quinta-feira pela COMECE, citada pela agência SIR, o Metropolita Hilarion destaca que “o mais importante nesta situação é fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que as negociações continuem e produzam um resultado o mais rápido possível”, sublinhando que “as relações entre o Ocidente e a Rússia ainda podem ter potencial para o diálogo”.
“Acreditamos que a COMECE pode ter um papel importante na construção desse diálogo, trabalhando com os representantes da União Europeia, para evitar uma nova escalada da situação atual e ajudar a superá-la com base nos valores cristãos que nos unem a todos”, acrescenta.
O Patriarcado pede a todos que “rezem fervorosamente pela cessação de todos os confrontos militares entre a Rússia e a Ucrânia e que o Senhor, com seu poder, ajude os nossos povos a encontrar novamente a paz e o bem-estar. Nestes dias trágicos, os corações dos fiéis da nossa Igreja, que estão de ambos os lados do conflito, estão sobrecarregados de dor”.
“Nestas circunstâncias, sinaliza metropolitano russo, “é de crucial importância ajudar os refugiados e os afetados pelas hostilidades. O Patriarcado de Moscovo e a Igreja Ortodoxa Ucraniana, que dele faz parte, bem como as várias instituições da Igreja Católica Romana estão envolvidos nessas atividades. Espero que este trabalho possa continuar”, conclui.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de março pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 3,6 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.