Arranca esta sexta-feira, a partir das 14h00, a Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz que apoia os sem-abrigo na cidade de Lisboa.
Depois de no último Natal a festa ter decorrido noutros moldes, por causa da pandemia, este ano o tradicional evento regressa à cantina da Cidade Universitária, mas com um conjunto de restrições por causa da Covid-19.
Guilherme Fontes, um dos responsáveis pela organização, salienta que esta "não é ainda a festa como a conhecíamos antes da pandemia. Muitos dos nossos serviços que temos previstos vão estar limitados no número de pessoas que podem atender. A própria festa vai estar limitada no número de convidados que vai receber e também no número de voluntários que podem ajudar na festa, o que nos causa algumas dificuldades logísticas".
Apesar de todos estes condicionamentos, nestes três dias de Festa de Natal, a Comunidade Vida e Paz vai oferecer refeições e vai "prestar serviços que considera essenciais à população que apoia ao longo do ano".
Assim, refere este responsável, "os nossos convidados poderão ter acesso a serviços na área da saúde, cidadania e do apoio jurídico. E depois, complementarmente a estes serviços, teremos ainda a distribuição de vestuário e calçado, o acesso a barbeiro e duches quentes".
Serão ainda oferecidas refeições nestes três dias, almoço, lanche e jantar.
Como é habitual, a instituição irá distribuir prendas a cerca de 750 pessoas sem-abrigo. Será sempre algo novo, que lhes faz falta para o seu dia-a-dia.
No domingo, o último dia, haverá uma Missa às 11 horas, celebrada pelo cardeal-patriarca de Lisboa. A festa termina com um jantar de consoada. E as portas da cantina da Cidade Universitária encerram às 20h00.
O impacto da pandemia nos sem-abrigo
Desde que começou, a pandemia teve um grande impacto nesta população mais fragilizada. No primeiro confinamento, no ano passado, foi quando se verificaram as maiores repercussões.
"Percebemos que havia algum sentimento de preocupação e até, em alguns casos, de desespero das pessoas que estavam na rua, porque sentiam que as ajudas começavam a escassear", diz Guilherme Fontes, acrescentando que muitos deles "começaram a sentir que poderiam estar a ficar para trás. E foi um dos apelos que nos faziam todas as noites, que não os deixássemos para trás".
Hoje, reconhece que essa situação foi ultrapassada.
Quanto às suas necessidades, este responsável admite que "são as mesmas, já não são de agora" e que a pandemia tornou-as, se calhar, "mais visíveis à população em geral".
Em seu entender, "urge encontrar respostas e respostas mais firmes para resolver o problema das pessoas em situação de sem-abrigo".
A Comunidade Vida e Paz apoia diariamente, sem exceção, cerca de 450 pessoas sem-abrigo na cidade de Lisboa. São quatro equipas que percorrem as ruas da cidade levando uma refeição a quem vive na rua.
Por isso, são sempre necessários bens alimentares e não só. "O apelo que fazemos é que dentro das possibilidades de cada um e sempre que possível, poderão fazer todo o tipo de doações de bens alimentares não perecíveis, mas também de outro tipo de bens, como mobiliário, vestuário, calçado, em especial de homem, que é uma grande fatia da população que apoiamos. Poderão fazê-lo ao longo do ano na nossa sede em Alvalade".
A ajuda de todos é fundamental para que esta instituição possa continuar a sua missão em prol dos sem-abrigo. Um trabalho desenvolvido há mais de 30 anos, que tem como objetivo a sua autonomia e reintegração na sociedade.