Monjas trapistas produzem iguarias italianas com produtos típicos de Trás-os-Montes
07-03-2021 - 11:46
 • Olímpia Mairos

O trabalho “simples e manual” é a forma de sustento das 10 monjas que vieram de Itália para Palaçoulo, no planalto mirandês.

Chegaram em novembro a Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, e já estão a produzir e a comercializar produtos de pastelaria tradicional italiana. As monjas trapistas vivem do seu trabalho e é no silêncio da vida entregue a Deus que estão a produzir iguarias que fazem as delícias de quantos já as provaram.

‘Amaretti’ tenros, amêndoas vestidas, pãozinho do peregrino, trancinhas e ‘torrone’ tenros são alguns dos produtos que as monjas trapistas de Palaçoulo já estão a produzir.

“A escolha das cinco iguarias italianas tem um motivo simples: são preparadas com produtos típicos da terra de Trás-os-Montes, amêndoas e mel, que também pensamos produzir no nosso terreno”, conta à Renascença a irmã Anunciada Levi, acrescentando que há pouco tempo plantaram “um amendoal, árvores que foram oferecidas”.

A monja destaca que “as receitas italianas ainda não se encontram muito no mercado português”, mas acredita que os “doces” que estão a confecionar vão ao encontro do gosto português.

“Disseram-nos que os portugueses gostam de doces. Algumas destas receitas estão também adaptadas ao gosto do português, com especiarias que vos convidamos a experimentar”, diz a irmã Anunciada.

As dez monjas trapistas de Palaçoulo, com idades compreendidas entre os 36 e os 83 anos, não pretendem evangelizar com as suas iguarias, mas desejam ganhar a vida com o “trabalho simples e manual”.

“No nosso trabalho temos uma vantagem fundamental - a nossa mão de obra não tem custos e o trabalho artesanal harmoniza-se com o nosso estilo de vida simples”, nota a irmã Anunciada Levi.

“Sem pensar na gula, os portugueses podem apreciar boas iguarias”, finaliza a religiosa.

Os cinco produtos de pastelaria tradicional são confecionados de acordo com as receitas típicas italianas e estão disponíveis na loja da Casa de Acolhimento, onde as irmãs também vendem dezenas, terços, porta-chaves, pulseiras e livros infantis.

Para ajudar à comercialização dos diferentes produtos, as monjas estão a pensar criar uma loja virtual, mas enquanto esse projeto não se concretizar, as encomendas podem chegar através de email: fonsvivalda@gmail.com.

O primeiro mosteiro trapista em Portugal fica em Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro. Chama-se “Mosteiro Trapista de Santa Maria Mãe da Igreja” e é uma fundação do Mosteiro de Vitorchiano (Itália), pertencente à Ordem Cisterciense da Estrita Observância (OCSO), também conhecida como “Trapista”. O investimento, estimado em seis milhões de euros, será suportado integralmente pela Ordem formalmente designada "Cisterciense da Estrita Observância”.

Atualmente, as monjas vivem na chamada hospedaria ou Casa de Acolhimento, mas espera-se que ainda este ano possam avançar as obras do mosteiro propriamente dito, com a igreja abacial, projetado para 40 monjas.