Em Braga, para um “Governo mais próximo”, António Costa foi fintando as perguntas dos jornalistas e não respondeu às questões relacionadas com o aparente clima de tensão entre Belém e S. Bento, motivado pelas polémicas dos últimos dias a envolverem o seu ministro das Infraestruturas.
“Nunca temo receber um telefonema do senhor Presidente. É sempre um gosto”, disse Costa, realçando que “o Governo está focado em trabalhar". "As coisas que se decidiram ontem ficaram decididas, hoje é um novo dia”, diz.
“A vida política é muito menos ficção do que tradicionalmente julgam, é muito mais normal”, atirou o primeiro-ministro.
Questionado pelos jornalistas sobre a presença ou não de João Galamba no distrito de Braga, no âmbito do “Governo mais próximo”, António Costa disse que “amanhã já terá agenda”.
“Ontem foi ontem, hoje é um novo dia. Olhe para o céu, está tão bonito”, convidou.
João Galamba deveria participar esta tarde, no campus de Azurém da Universidade do Minho, na sessão de encerramento de apresentação do ponto de situação do protocolo de cooperação firmado entre a UMinho e a Infraestruturas de Portugal, mas em comunicado a academia já fez saber que o evento foi cancelado.
Nos últimos dias, o ministro das Infraestruturas esteve envolvido em polémica com o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro, que demitiu há uma semana, sobre informações a prestar à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.
Na terça-feira, durante a manhã, o primeiro-ministro recebeu o ministro João Galamba na residência oficial de São Bento. Depois, de tarde, esteve no Palácio de Belém, entre cerca das 17h00 e as 18h45, numa audiência que solicitou ao Presidente da República.
Perto das 20h20, o ministro das Infraestruturas anunciou, em comunicado, o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, justificando a decisão com o “atual quadro de perceção criado na opinião pública” e “em prol da necessária tranquilidade institucional”.
Cerca de meia hora depois, António Costa fez saber que não aceitava o pedido de demissão, considerando que a João Galamba não é “imputável pessoalmente qualquer falha”.
Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, depois de António Costa anunciar a decisão de não aceitar o pedido de demissão de João Galamba, o Presidente da República assumiu uma discordância em relação ao primeiro-ministro “quanto à leitura política dos factos" que o levaram a manter João Galamba "no que respeita ao prestígio das instituições”.