Já passam os 3% os juros para novos créditos à habitação. É a primeira vez desde 2015 que os juros ultrapassam a barreira, segundo avança esta quinta-feira o Banco de Portugal. Até fevereiro, serão revistos os juros de mais de metade dos créditos.
A taxa de juro média ultrapassou em novembro os 3% e “manteve-se, pelo segundo mês consecutivo, acima da média da área euro".
Em novembro, voltou a aumentar o crédito concedido para compra de casa, foram mais 49 milhões de euros, em comparação com o mês anterior, para um total de 1 858 milhões de euros em novos empréstimos.
Só o crédito à habitação somou 1 266 milhões de euros. A taxa de juro média dos empréstimos subiu uma vez mais, fixou-se em 3,08%, o que compara com 2,86% em outubro.
Entre dezembro e fevereiro serão atualizadas as taxas de juro de 54% dos contratos de crédito para habitação, ou seja, mais de metade das prestações serão revistas em alta.
São dados revelados pelo Banco de Portugal, tendo em conta os contratos em vigor no final de novembro, com Euribor a 3, 6 ou 12 meses.
Entre março e maio de 2023 serão revistos mais 31% dos contratos. “Os restantes 15%, indexados à Euribor a 12 meses, apenas serão atualizados entre junho e novembro de 2023", acrescenta o supervisor.
Euribor a 12 meses continua a ser a mais usada
Em novembro, 80% dos novos empréstimos para habitação foi contratado com taxa variável, de 7%. Os restantes optaram por taxa fixa, de 13%. Em comparação com o mês anterior, “o peso dos contratos com taxa mista aumentou 4 pontos percentuais, por oposição à diminuição do peso dos contratos com taxa variável".
A taxa fixa continua a ser superior à taxa variável, mas a diferença entre as duas é agora menor: “o diferencial entre as duas taxas reduziu-se em novembro (1,3 pontos percentuais em novembro, depois de ter atingido 1,5 em outubro)", refere o regulador.
A preferência continua a ser pela Euribor a 12 meses, no final de novembro 43% do stock do crédito à habitação tinha esta taxa. Segue-se a Euribor a 6 meses, a taxa de 32% do crédito concedido, enquanto a Euribor a 3 meses representa 22% do crédito.
No entanto, entre os novos empréstimos contratados a Euribor a 6 meses é a preferida. Em novembro, 67% do montante foi emprestado com esta taxa, o que representa um aumento de 7 pontos percentuais em relação a outubro.
Depósitos aumentam
Apesar de os bancos não alinharem a remuneração dos depósitos com a subida dos juros de referência, as famílias continuam a depositar mais dinheiro. Os depósitos a prazo totalizaram 4 871 milhões de euros, com uma remuneração média de 0,35% (0,24% em outubro), que já é um valor "máximo desde dezembro de 2016".
Em novembro a grande maioria dos depósitos, 88%, são a prazo até um ano, com uma taxa de juro média de 0,31%, que continua aquém da média da zona euro: “0,13 pontos percentuais em junho, 0,60 em outubro e 0,81 em novembro".