O Papa Francisco pede aos bispos e sacerdotes que deem “espaço aos leigos”, lembrando que “somos todos discípulos do Senhor, todos essenciais, todos com igual dignidade”.
“Não só os bispos, os sacerdotes e os consagrados, mas todos os batizados foram imersos na vida de Cristo e n’Ele”, sublinhou Francisco no encontro desta manhã, na Catedral Mãe de Deus do Perpétuo Socorro, em Nursultan.
“Deve dar-se espaço aos leigos: far-vos-á bem, para que as comunidades não se tornem rígidas, nem se clericalizem”, acrescentou.
Para o Papa, esse é o caminho para uma Igreja voltada para o futuro, “participativa e corresponsável (…) capaz de sair ao encontro do mundo, porque treinada em comunhão”.
Francisco considera, aliás, que, através do contacto com o Evangelho, “aprendemos a passar do egoísmo ao amor incondicional (…) que nos impede a tornar-nos homens e mulheres de comunhão e de paz, que semeiam o bem onde quer que se encontrem”.
Por outro lado, o Papa insistiu, também, na ideia de que os bispos não devem comportar-se como “administradores do sagrado ou polícias preocupados em fazer respeitar as normas religiosas, mas pastores próximos do povo, ícones vivos do coração compassivo de Cristo”.
Enaltecendo a transmissão da fé entre gerações, o Papa Francisco rejeitou a ideia de uma fé vivida como “uma bela exposição de coisas do passado”, sublinhando o “evento sempre atual” do encontro com Cristo “que acontece aqui e agora na vida”, garantindo que só assim “a fé permanece viva e tem futuro”.
“Uma única família, na qual ninguém é estrangeiro"
Num país onde cristãos ortodoxos e muçulmanos superam largamente a comunidade de crentes católicos, Francisco chamou a atenção para “a tarefa peculiar da Igreja neste país: não um grupo que se arrasta nas coisas de sempre ou se fecha na concha porque se sente pequeno, mas uma comunidade aberta ao futuro de Deus”.
E regressou à ideia de que a sociedade só progride se se basear na relação e na interdependência entre pessoas de culturas diferentes que não partilham valores identitários, como o culto religioso, à imagem do que acontece no Cazaquistão.
“Precisamos de Deus, mas também (…) das irmãs e dos irmãos de outras confissões, de quem professa um credo religioso diferente do nosso (…) Só juntos, no diálogo e no acolhimento recíproco, de pode verdadeiramente realizar algo de bom para todos (...) A beleza da Igreja está nisto: em sermos uma única família, na qual ninguém é estrangeiro", rematou o Papa.