“Estamos aqui com o perfume da gratidão e o unguento da esperança para provar que o amor não se perde”, disse esta manhã o Papa Francisco diante da urna de Bento XVI. E “queremos fazê-lo com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que ele soube dispensar ao longo dos anos.”
O olhar de Francisco fixa-se na urna colocada no chão, bem como o olhar dos milhares de fiéis que seguem atentamente toda a celebração. “Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!”, deseja o Papa, no final da homilia.
O ambiente de silêncio que se vive na Praça de São Pedro é impressionante depois destes dias intensos de luto e tanto frenesim, com 200 mil pessoas em filas para se despedirem do Papa emérito e mais de 1.000 jornalistas de todo o mundo aqui reunidos.
Agora, testemunhas de um acontecimento grandioso, é como se a presença daquele caixão de cipreste colocado no chão, desfizesse as diferenças entre o povo anónimo que encheu a Praça e as altas individualidades que quiseram vir, mesmo sem convite.
Misteriosamente, a presença ali de um Papa morto, espalhou serenidade à sua volta, remetendo para a certeza de uma plenitude de vida que nunca envelhece e que só Cristo veio trazer.
Bento XVI testemunhou essa certeza durante toda a sua vida, com uma fecundidade tão extraordinária que muitos já consideram santa. E, no eloquente gesto final com que o Papa Francisco, de pé, se despediu do caixão, todos aplaudiram, certamente identificados numa profunda gratidão pelo inabalável amor de Ratzinger a Jesus Cristo, fonte inesgotável do amor que não se perde.