Bispo de Aveiro promete apoio e pede reflexão sobre incêndios
17-09-2024 - 10:35
 • Henrique Cunha

Diocese de Aveiro disponibiliza meios para ajudar deslocados e avança com campanha através do Secretariado Sócio caritativo e da Cáritas para minimizar prejuízos.

O bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, dá o exemplo do incêndio de Albergaria à Velha, onde seis das oito paróquias do concelho foram afetadas pelas chamas, para descrever uma realidade muito preocupante na sua região. “Uma coisa terrível”, diz o bispo à Renascença.

No imediato, a diocese cede os meios das “paróquias e instituições, a fim de minimizar os prejuízos com alojamento dos deslocados das suas residências” e D. António Moiteiro promete ainda organizar “uma campanha diocesana” para ajudar a mitigar as dificuldades.

O bispo revela que está em contacto permanente com os párocos “das zonas dos fogos” tendo já falado com eles "para os incentivar a que disponibilizem os meios que temos”.

“Alguns têm os centros paroquias, outros têm os centros sociais. A ideia é que ajudem as pessoas que necessitam de apoio nesta fase”, acrescenta.

Para além do pedido às paróquias para que disponibilizem os seus meios, D. António Moiteiro revela que “depois de se ter apagado os incêndios”, irá promover “uma campanha a nível diocesano em todas as paróquias de ajuda através dos meios que temos, nomeadamente o secretariado socio-caritativo, e a Cáritas diocesana para ver se nós somos capazes de ajudar esta gente a minimizar os danos e os prejuízos”.

Nestas declarações na manhã desta terça-feira à Renascença, o bispo de Aveiro pede também que se reflita sobre os indícios de fogo posto, situação que "agrava o sofrimento das pessoas".

“Às vezes, fica no ar esta suspeita de fogo posto o que é algo de terrível para as nossas populações. Temos de apelar à responsabilidade e também dizer àqueles que fizeram o mal que têm de pagar pelo que fizeram. Estamos sempre nesta hipótese e há bastantes indícios como dizem os nossos autarcas de que alguns deles (fogos) podem ter sido ateados. O que é uma coisa terrível. Agrava o sofrimento das pessoas porque deliberadamente se pode estar a provocar sofrimento aos outros”, afirma o prelado.

D. António Moiteiro deixa, por fim, um pedido para que também se faça uma reflexão profunda sobre a forma como “cuidamos da Casa Comum” e sobre como gerimos a floresta em Portugal.

O prelado diz não ter soluções, mas defende a necessidade de se "refletir em conjunto esta questão que não é apenas deste ou daquele governo”.

"No interior do país, os terrenos não estão cultivados porque não há gente”, lembra, acrescentando que "há uma cultura intensiva de floresta e floresta sobretudo de eucaliptos. E isto, por norma, é perigoso”.

“Em Albergaria, ontem, havia fogo em seis das oito paróquias e isto é uma coisa terrível. Isto ajuda-nos a pensar como organizar a nossa floresta que não pode ser uma floresta tão intensiva. Tem de haver açudes, tem de haver espaço entre floresta. Este é um trabalho que tem de ser feito por todos e que é de todos”, remata.