O Museu de Arte Contemporânea Armando Martins (MACAM), em Lisboa, que deveria ter sido inaugurado em 2021, vai abrir no primeiro semestre do próximo ano, anunciou a gestão daquele espaço.
"O MACAM - Museu de Arte Contemporânea Armando Martins - é um novo projeto cultural, totalmente privado, dedicado à arte moderna e contemporânea, que vai inaugurar em Lisboa no primeiro semestre de 2024. Esta é uma iniciativa inédita que, pela primeira vez em Portugal e na Europa, integra no espaço de um museu um hotel de 5 estrelas", lê-se no "site" oficial do museu.
A notícia da nova data de abertura foi avançada pelo jornal "online" Observador, a quem o departamento de comunicação do museu justificou o atraso na inauguração com constrangimentos ditados pela pandemia da covid-19 e agravados pela guerra na Ucrânia, bem como com a complexidade do projeto de reabilitação e adaptação do edifício que irá acolher o MACAM.
Em outubro de 2020, ficou a saber-se que o colecionador Armando Martins iria abrir no ano seguinte um museu de arte contemporânea para exibir uma coleção com 400 obras de artistas portugueses e estrangeiros.
O projeto do colecionador e empresário do Grupo Fibeira, com atividade na promoção imobiliária, hotelaria e serviços, irá ocupar o Palácio Dos Condes da Ribeira Grande, na Rua da Junqueira, onde funcionou o Liceu Rainha Dona Amélia.
Em maio de 2021, a abertura foi adiada para o primeiro quadrimestre do ano seguinte. Na altura, a curadora Adelaide Ginga, diretora do MACAM, justificou o atraso com "contratempos" provocados pela pandemia covid-19.
A coleção de Armando Martins reúne obras de artistas portugueses e estrangeiros como Paula Rego, Maria Helena Vieira da Silva, José Malhoa, Amadeo Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Viana, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Rui Chafes, José Pedro Croft, Lourdes Castro, entre outros, indicou a curadora e futura diretora do novo museu.
Quanto a artistas estrangeiros, estão representados na coleção Gilberto Zorio, John Baldessari, Albert Oehlen, Olafur Eliasson, Marina Abramovic, Antoni Tàpies, Antonio Ballester Moreno, Juan Muñoz, Santiago Sierra, Carlos Aires, Pedro Reyes, Carlos Garaicoa, Ernesto Neto, Marepe, Rosângela Rennó, Vik Muniz e Isa Genzken, entre outros.
Algumas das obras já foram cedidas para exposição em espaços museológicos como o Museu Nacional de Soares dos Reis e o Museu de Serralves, no Porto, o Museu Calouste Gulbenkian, o Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, o Museu Nacional de Arte Contemporânea e o Museu Coleção Berardo, em Lisboa, assim como o Museu Rainha Sofia, em Madrid, entre outras instituições.
A coleção foi iniciada quando Armando Martins tinha apenas 18 anos, e comprou, a meias com um amigo, um conjunto de 35 serigrafias. A compra da primeira pintura original só aconteceu em 1974, de um artista português, Rogério Ribeiro, e passou a ser mais intensa nos anos de 1980, particularmente de arte portuguesa contemporânea do século XX, estendendo-se depois aos estrangeiros, com artistas de todos os continentes, menos a Oceânia.
Embora tenha seguido o seu gosto pessoal, Armando Martins recorreu, ao longo das décadas, ao aconselhamento de curadores e galeristas como Pedro Cera e Filomena Soares, entre outros.
A coleção de Armando Martins foi distinguida, em 2018, com um prémio da área do colecionismo, pela Fundação ARCO de Madrid, em Espanha.