A União Geral de Trabalhadores (UGT) reivindicou, esta quarta-feira, o aumento do salário mínimo para 670 euros em 1 de janeiro de 2021, correspondendo a um aumento de 35 euros, igual ao do ano corrente.
"Não queremos falácias, estamos disponíveis para o diálogo. E por isso, a nossa proposta é um salário mínimo de 670 euros", disse o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, em declarações aos jornalistas, após uma reunião do secretariado nacional sobre a política reivindicativa para 2021, que decorreu em Aveiro.
No documento, a central sindical relembra o compromisso assumido pelo Governo quanto ao objetivo de o salário mínimo atingir 750 euros em 2023, defendendo que isso "exige avanços firmes a cada ano".
"Isto tem de ir de degrau em degrau. Se ficarmos nos 635 euros, como querem os patrões, que dizem que não há condições no atual momento para haver atualização do salário mínimo, então para o ano atingimos o quê? Fazem um salto de 100 euros? Alguém acredita? E em 2023 chegam aos 750 euros? É assim num ápice", disse Carlos Silva.
A UGT propõe ainda um aumento dos salários entre 1,5% e 3%, garantindo um aumento não inferior a 35 euros para todos os trabalhadores dos setores privado e empresarial do Estado em 2021.
Em relação aos salários da administração pública, a UGT defende um aumento salarial de pelo menos 1,1% para todos os trabalhadores.
Num tom mais duro do que é habitual, o sindicalista criticou as empresas que aproveitam a onda da crise pandémica para "castigar, punir os trabalhadores", comentando que parece haver "uma desforra do capital contra o trabalho".
"O alerta é para os empregadores. Nós estamos atentos. A UGT é uma Central normalmente muito moderada, mas isto atingiu um patamar em que todos querem cavalgar por cima da onda, despedir trabalhadores e depois fechar as empresas e irem para outro lado deslocalizarem-se e vão contratar novos trabalhadores, precários, jovens, com menos qualificações e a pagar o salário mínimo nacional e nós temos que ser contrários a isso", disse.
O secretário-geral da UGT referiu ainda que a negociação coletiva terá de ser reforçada, mostrando-se disponível para, em sede de Concertação Social, "acompanhar aqueles que defendem no parlamento ou fora do parlamento as 35 horas no setor privado e público, a queda da caducidade do código de trabalho, a alteração do pagamento das indemnizações por despedimento e a reposição do princípio do tratamento mais favorável".
No plano social, a UGT defende no imediato o reforço das medidas de proteção ao rendimento dos trabalhadores afetados pela situação de crise que se deverão prolongar pelo menos durante o próximo ano, tendo como objetivos a não perda de rendimentos e a preservação dos postos de trabalho.
Defende ainda uma prestação social universal mínima de um Indexante dos Apoios Sociais (IAS), cerca de 440 euros, para todos os afetados pela crise e excluídos de qualquer proteção social, bem como o aumento de todas as pensões sobretudo para as mais baixas, além de medidas que permitam o adiamento/suspensão/eliminação de compromissos fiscais por parte de trabalhadores e famílias, na linha do que tem vindo a ser realizado para as empresas.