Portugal precisa de investimento para convergir, mas executar bem leva tempo, afirmou esta quinta-feira o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.
Numa conferência em Lisboa, sobre “Investir e financiar a resiliência e renovação na Europa”, Mário Centeno lembrou que o país só convergiu com a União Europeia, quando o investimento e as exportações lideraram o crescimento.
Por isso, defende que é crítico que os indicadores de investimento voltem a subir nos próximos anos.
“Portugal só convergiu com a União Europeia em períodos em que as exportações e o investimento foram os motores do crescimento. Por isso, 2023 e os próximos anos são críticos, porque precisamos de regressar ao crescimento, o investimento tem de recuperar”, declarou o governador.
Há muito dinheiro a chegar de Bruxelas e que tem de ser acompanhado por capital privado para chegar às empresas e à economia, diz Mário Centeno.
São oportunidades únicas, mas agora os processos levam mais tempo. O governador diz que aprendemos com os erros do passado.
“Em Portugal acabámos por pagar por estradas onde nunca andamos, temos estádios que estão vazios, e isso é investimento público! Por isso nos tornamos mais seletivos e exigentes com o destino do dinheiro público, e isso é acertado. Temos de planear, implementar e executar o investimento público com muito cuidado, por isso demora tanto tempo”, sublinha.
O governador do Banco de Portugal voltou ainda a referir que as taxas de juro caminham para valores “normais”.
Lembra que o preço do gás natural na Europa já desceu 68,5%, em comparação com igual período do ano passado. Os preços na indústria e na construção também já descem, falta que estas quedas cheguem ao consumidor final.