O Presidente norte-americano fez este sábado uma declaração ao país, em que propôs à oposição um acordo sobre imigração em troca de um muro na fronteira com o México – a sua promessa de campanha - e do fim da paralisação do Governo. A líder democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, já rejeitou a proposta.
Numa mensagem a partir da Casa Branca, Donald Trump fez um apelo aos democratas para que aceitem o que apelidou de “compromisso de senso comum”.
Trump não cede na questão do muro na fronteira com o México e reivindica 5,7 milhões de dólares no Orçamento deste ano para a obra avançar.
Para convencer os democratas, o Presidente oferece o prologamento da proteção legislativa para jovens imigrantes indocumentados, conhecidos como "Dreamers", bem como para os detentores do estatuto de proteção temporária nos Estados Unidos (TPS, na sigla inglesa).
Trump propõe dar mais três anos de protecção aos "Dreamers" e anunciou ainda mais agentes para as fronteiras e dinheiro para assistência humanitária.
"A nossa proposta não pretende resolver todos os problemas de imigração. Este plano resolve a crise imediata e é uma crise horrível, é uma crise humanitária que não estamos habituados a ver no nosso país", declarou.
"A proposta leva ajuda humanitária e segurança à fronteira, e reabre o Governo federal. Se nós tivermos sucesso, então podemos começar o projeto na fronteira e construir um sistema de imigração do século XXI", defendeu Donald Trump.
O Presidente norte-americano faz uma apelo ao diálogo com a oposição democrata e deixa um aviso: "A esquerda radical não pode controlar as nossas fronteiras. Nunca permitirei que isso aconteça. Os muros não são imorais, são o oposto, porque vão salvar muitas vidas e impedir que as drogas entrem no nosso país”.
Trump alega que, "segundo algumas pessoas", a construção do muro pode reduzir "para metade" a taxa de criminalidade e o problema com as drogas.
O essencial das propostas de Trump para a imigração
- Três anos de ajudas legislativas para 700 mil beneficiários do DACA [Deferred Action for Childhood Arrivals], que chegaram há muitos anos com os seus pais, de forma ilegal, quando eram crianças. Este alargamento vai-lhes dar acesso a autorização de trabalho, números de Segurança Social e proteção na deportação.
- Extensão de três anos do estatuto temporário de proteção, o TPS, o que significa que 300 mil imigrantes cujo estatuto está em vias de extinguir, podem agora ter mais três anos de garantias, para que o Congresso possa trabalhar num acordo mais abrangente sobre imigração, “que é o que todos querem: republicanos e democratas”.
- 800 milhões de dólares em assistência humanitária de emergência.
- 805 milhões de dólares para tecnologia de deteção de drogas nos pontos de entrada nos EUA.
- Contratação de mais 2750 agentes de fronteira e polícias
- Setenta e cinco novas equipas de juízes de imigração para ajudar a analisar quase 900 mil casos
- “Novo sistema” para que os menores naturais de países da América Central possam pedir asilo aos EUA nos seus países de origem e promover a reunificação familiar de crianças desacompanhadas.
- O plano inclui 5,7 mil milhões de dólares para uma barreira na fronteira. Não é um muro de betão de dois mil quilómetros de um lado ao outro dos EUA, disse Trump, mas a instalação de barreiras de betão em “pontos estratégicos”.
Democratas dizem não a acordo
Ainda antes de Donald Trump falar, a líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, rejeitou a proposta, dizendo que aquilo que Donald Trump propõe é "inaceitável".
"Os democratas tinham esperança que Donald Trump fosse acabar com o "shutdown" do governo e proceder a uma muito necessária discussão para proteger a nossa fronteira. Infelizmente, aquilo que tem vindo a público mostra que a proposta não passa de uma compilação de propostas já rejeitadas", escreveu Pelosi na rede social Twitter.
Para Pelosi, o acordo não representa, por parte do Presidente, "um esforço de boa-fé" para restaurar "certeza às vidas das pessoas". Por isso, a líder democrata faz saber que a proposta dificilmente passará na Câmara dos Representantes nem no Senado.
Após Donald Trump falar aos americanos, Pelosi voltou a defender que aquilo que o Presidente defende "não é original".
[Notícia atualizada as 9h00, com a reação Democrata]