O presidente da Comissão de Inquérito da ONU, o diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, considera que não há inocentes no conflito armado da síria e entende que, independentemente de quem vencer o conflito, os reais derrotados serão sempre as pessoas.
Em entrevista à rádio das Nações Unidas, Paulo Sérgio Pinheiro defende o empenho da comunidade internacional para salvaguardar os direitos dos civis que são vítimas das ações tanto do exército fiel a Basar al-Assad como das milícias rebeldes afetas à al-Qaeda.
"Não há inocentes", defende o presidente da comissão de inquérito. O diplomata brasileiro fala de "responsabilidade conjunta por parte do governo da Síria, dos estados que o apoiam, por parte dos países que durante sete anos lutaram contra Bashar al-Assad e por parte das organizações rebeldes e terroristas".
O relator da ONU para os direitos humanos na Síria diz lamentar "a destruição virtual" de um país que, até à guerra civil, tinha "um dos maiores níveis educação de mulheres e uma rede de atendimento em saúde bastante razoável, não obstante tratar-se de um país autoritário”.
Paulo Sérgio Pinheiro diz que "tudo isso foi por água abaixo por causa da guerra. E o mais grave é que não dá para falar de reconstrução sem, antes, atender aos pedidos de justiça por parte da população síria, sobretudo em relação aos presos e aos desaparecidos".
Estas declarações do presidente da Comissão de Inquérito das Nações Unidas para a Síria surgem no dia em que o Conselho de Segurança reúne de emergência para discutir a situação no país.
O encontro de caráter urgente está marcado para as três da tarde - hora portuguesa - e foi pedido pela França e pelo Reino Unido que denunciam sistemáticas violações do cessar-fogo humanitário em Ghouta Oriental.
O enclave rebelde encontra-se cercado há praticamente três semanas pelo exército sírio.
Pelo menos 800 pessoas morreram desde o início da ofensiva apoiada pela Rússia. Entre as vítimas, contam-se mais de 170 crianças.