O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof) lamentou esta terça-feira, em Faro, que o Governo “perca mais tempo” a resolver “casos e casinhos” do que os problemas dos docentes, que exigem a recuperação do tempo de serviço congelado.
“É lamentável que neste país se perca mais tempo, e os governos percam mais tempo, a resolver problemas que são criados pelas ‘galambices’, pelas vigarices, pelas aldrabices, do que, realmente, tempo a resolver os problemas dos portugueses. Não só dos professores, mas também dos professores”, disse Mário Nogueira à Lusa.
O dirigente falava à margem de uma concentração promovida por nove organizações sindicais, no âmbito da greve dos professores por distritos, que contou com a participação de cerca de três centenas de docentes.
Mário Nogueira deplorou os “casos e casinhos que, goste ou não goste o primeiro-ministro, marcam hoje a política em Portugal”, enquanto não são resolvidos “os problemas da escola pública, os problemas da educação, os problemas dos professores”.
Nesse âmbito, o secretário-geral da Fenprof lembrou que na quarta-feira, às 17:15, junto à Assembleia da República, em Lisboa, vai ser realizada uma ação de protesto para assinalar os quatro anos do dia em que o primeiro-ministro António Costa anunciou que se demitiria caso o parlamento aprovasse a recuperação do tempo de serviço dos professores.
“Mais do que um problema financeiro, estamos perante um problema que tem que ver com um capricho, um orgulho quase, que seria ferido, do senhor primeiro-ministro, se o tempo de serviço dos professores fosse recuperado”, sublinhou.
O dirigente da Fenprof sustentou que os professores “não estão a exigir a recuperação do tempo de serviço para ‘amanhã’, [ou] para o ano que vem”, mas sim de forma faseada, até final desta legislatura, em 2026.
“Também já dissemos que, se três anos forem curtos, nós estamos abertos a discutir mais tempo. Não estamos é abertos a não recuperar um tempo que é das pessoas, que foi trabalhado e que o Governo continua a achar que não tem de contar. Isso nem pensar”, declarou.
A luta dos docentes vai prosseguir com as greves por distritos, estando também marcadas duas grandes manifestações para dia 06 de junho, no Porto e em Lisboa, numa data (06/06/23) que coincide com o tempo de serviço congelado (seis anos, seis meses e 23 dias).
“Vai ser um dia histórico da luta dos professores. (...) Estou convencido de que não há uma escola, não há um professor que vá trabalhar, porque será um dia de greve com um grande simbolismo, com grandes manifestações”, vincou Mário Nogueira.
Na baixa de Faro, juntaram-se cerca de três centenas de professores oriundos de vários pontos do distrito, que foram aplaudindo à medida que eram anunciados os estabelecimentos escolares encerrados ou a trabalhar parcialmente, constatou a Lusa,.
Depois dos discursos dos vários representantes sindicais, os docentes desfilaram pela principal rua comercial da cidade, gritando apelos como “Exigimos respeito”, “Não paramos”, “Tempo trabalhado é para ser contado, não é para ser roubado”, ou “06/06/23, já cá estamos outra vez”.
As greves distritais foram convocadas por uma plataforma de nove sindicatos que inclui FENPROF, FNE, Associação Sindical de Professores Licenciados (APSL), Pró-Ordem dos Professores (Pró-Ordem), Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (Sepleu), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (Sinape), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep), Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (Spliu).