O Governo chinês rejeitou esta terça-feira as acusações do Papa Francisco de que a minoria muçulmana de etnia Uigur, na região de Xinjiang, sofre de perseguição.
Os comentários do Papa surgem num livro que será publicado no dia 1 de dezembro. Alguns trechos foram conhecidos na segunda-feira, incluindo um em que ele lamenta a perseguição de minorias religiosas, elencando especificamente os yazidis, os rohingya e os uigures.
É a primeira vez que Francisco refere especificamente este povo enquanto vítima de perseguição.
Segundo várias personalidades e organizações defensoras dos direitos humanos, os cerca de 10 milhões de uigures na China sofrem de perseguição severa, havendo pelo menos um milhão de pessoas em campos de internamento. Durante anos a China negou a existência dos campos, mas quando surgiram imagens a comprová-lo na imprensa internacional passou a dizer que são campos de educação para o combate ao terrorismo e ao extremismo.
Xinjiang tem sido palco de vários ataques, ao longo dos últimos anos, contra civis de outras etnias e contra alvos estatais.
Segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, os uigur são parte da “grande família” chinesa e gozam de total direito à existência e à liberdade religiosa.
As críticas do Papa surgiram poucas semanas depois de a China e o Vaticano terem renovado um acordo que regula o funcionamento da Igreja Católica naquele território. A China exige que as igrejas reconhecidas oficialmente respondem perante a Associação Patriótica, mas muitos católicos recusavam fazê-lo levando à existência em paralelo de duas igrejas, uma oficial – reconhecida pelo Governo – e outra “clandestina”, leal a Roma.
Com o acordo estabelecido em 2019 e renovado agora evitou-se que essa cisão se tornasse permanente e agora todos os bispos católicos são escolhidos através de um processo conjunto entre a Santa Sé e o Governo chinês.