O socialista Pedro Sánchez tentou esta segunda-feira, sem sucesso, convencer a direita espanhola a abster-se, permitindo a sua recondução como primeiro-ministro, ficando agora dependente de um acordo de última hora com a extrema-esquerda para ser investido na quinta-feira.
Durante o debate que teve lugar esta tarde no parlamento espanhol, o candidato do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) pediu insistentemente ao PP (Partido Popular, direita) e ao Cidadãos (direita-liberal) para se absterem, para assim não depender dos independentistas catalães para ser investido. “Não lhe peço que se abstenha de forma gratuita”, disse o chefe de Governo de gestão ao líder do PP, Pablo Casado, que recusou qualquer entendimento, porque Pedro Sánchez “não é uma pessoa em quem se possa confiar”, sendo um “prolongamento” do projeto de rutura do país defendido pelos independentistas.
Perante a insistência em abster-se, o líder do Cidadãos, Albert Rivera, também sublinhou que o seu partido ia votar “não” com as duas mãos: “não ao programa de Sánchez e não à equipa que vai executar o programa de Sánchez”, disse.
Por seu lado, o líder do Podemos, Pablo Iglesias. não gostou das insistências de Sánchez a pedir a abstenção da direita, tendo ironizado e pedido, “por favor”, ao candidato socialista para não pedir também a abstenção ao Vox (extrema-direita). O Podemos está a negociar com o PSOE a formação de um Governo de coligação desde que na passada sexta-feira Pablo Iglesias anunciou que já não exigia fazer parte desse executivo, cedendo a uma das pretensões dos socialistas.
Para ser investido na terça-feira, Sánchez necessitaria dos 123 votos do PSOE (Partido Socialista Espanhol), dos 42 votos do Podemos e de outros pequenos partidos regionais, uma opção praticamente afastada, visto não haver ainda acordo com a extrema-esquerda. Mas Pedro Sánchez espera que até quinta-feira possa chegar a um acordo com o Podemos que lhe permita ser investido, 48 horas depois da primeira votação, quando já só precisa de ter mais votos a favor do que os contra a sua recondução.
No caso de não conseguir ser investido esta semana, haverá um período de dois meses para se tentar encontrar uma solução para situação de impasse, antes de serem marcadas novas eleições.
"Geringonça" à espanhola?
O primeiro-ministro socialista espanhol realçou hoje que pretende governar com o Unidas Podemos (extrema-esquerda), tendo dado como exemplo para o futuro executivo o “Governo de cooperação” que existe em Portugal. “A cooperação existe em Portugal, a cooperação existe na Dinamarca, a cooperação existiu nos últimos 12 meses em Espanha e alcançámos em conjunto muitas coisas”, disse Pedro Sánchez no debate de investidura que começou hoje no parlamento, em Madrid.
O candidato do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) fez questão de agradecer publicamente a decisão que o líder do Unidas Podemos, Pablo Iglesias, tomou na passada sexta-feira de deixar de exigir fazer parte de um eventual futuro Governo de coligação, posição que desbloqueou as negociações entre as duas partes.
Nas legislativas realizadas em 28 de abril último, o PSOE obteve 123 deputados (28,68% dos votos), o PP (Partido Popular, direita) 66 (16,70%), o Cidadãos (direita liberal) 57 (15,86%), a coligação Unidas Podemos 42 (14,31%) e o Vox (extrema-direita) 24 (10,26%), tendo os restantes deputados sido eleitos em listas de formações regionais, o que inclui partidos nacionalistas e independentistas.