Donald Trump decidiu cancelar a sua visita à Dinamarca. "Vou adiar a reunião agendada para daqui a duas semanas para outra altura", comentou o presidente americano, citado pela agência Reuters.
A mudança de planos surge na sequência dos comentários da primeira-ministra dinamarquesa sobre o interesse de Trump em adquirir a Gronelândia, território autónomo da Dinamarca.
"É uma discussão absurda", reagiu, na altura, Mette Frederiksen, acrescentando que a "ilha não está à venda".
Trump iria visitar a Dinamarca nos próximos dias 2 e 3 de setembro, de acordo com a Casa Real da Dinamarca e a agenda do gabinete da primeira-ministra, mas no domingo, o Presidente dos Estados Unidos lançou dúvidas quanto à visita, ao afirmar que a deslocação não “é definitiva”.
Na quinta-feira passada, a imprensa dos Estados Unidos indicava que os assessores da Casa Branca tinham sido chamados para apurarem a possibilidade de compra da Gronelândia à Dinamarca, um assunto que já tinha sido tinha mencionado pelo chefe de Estado norte-americano em reuniões e encontros privados.
Trump disse que se trata de um assunto que não está em primeiro plano, admitindo que a “ideia surgiu como conceito” apontado como “estrategicamente interessante”.
“Não faço previsões mas digo que o Presidente (Trump), que sabe um par de coisas sobre aquisição de bens, quer dar uma olhadela sobre a compra da Gronelândia”, disse no domingo o assessor económico da Casa Branca, Larry Kudlow, à estação de televisão Fox News.
Estes planos provocaram uma série de reações por parte da classe política dinamarquesa que ironizou a situação, encarando as notícias como brincadeira e acusando Trump de colonialismo e de ter problemas mentais.
Até esta segunda-feira, o governo da Dinamarca ainda não se tinha pronunciado oficialmente sobre o assunto.
O governo regional da Gronelândia já tinha dito que o “país não está à venda” referindo-se “aos rumores” sobre a alegada intenção de compra da ilha com dois milhões de quilómetros quadrados (80% do território está coberto por gelo) e que é habitada por 56 mil pessoas, na maior parte de etnia inuíte.
A Gronelândia tem desde o referendo de 1979 estatuto de autonomia, com competências próprias, exceto nas áreas de defesa, política externa e emissão de moeda, entre outras áreas, incluindo a impossibilidade de pedir o direito à autodeterminação.
Durante a ocupação da Dinamarca pela Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos tomaram posições na Gronelândia e após o final do conflito, instalaram uma base área militar estrategicamente importante durante a Guerra Fria e que continua ativa.
No passado, os Estados Unidos tentaram várias vezes comprar a maior ilha do mundo. A última vez foi em 1946 através de uma iniciativa do Presidente Truman.