“É prematuro dizer se vamos retirar” os nossos militares do Iraque, afirma o ministro da Defesa nesta quarta-feira, depois de duas bases norte-americanas naquele país terem sido atacadas.
“A nossa análise tem de ser feita de maneira ponderada e serena” e “temos de dar um bocadinho de tempo ao tempo” para ver como a situação se desenvolve, defende João Gomes Cravinho.
Em declarações aos jornalistas, feitas nesta quarta-feira de manhã, o titular da pasta da Defesa Nacional começa por destacar que “o contingente militar português está bem e livre de perigo”, acantonado na base de Besmayah, que se encontra “muito longe” dos últimos acontecimentos.
“É uma base muito isolada, situada a 40 quilómetros de Bagdad, numa região desértica. É um campo militar grande, do tipo do Campo de Santa Margarida, sem qualquer povoação próxima”, descreveu.
Além disso, as medidas de proteção da base foram reforçadas e “eles próprios andam com coletes à prova de bala sempre que estão fora de edifícios”, sublinhou.
Gomes Cravinho lembrou depois que a missão portuguesa é de formação. As ações foram entretanto suspensas – até antes dos ataques da última noite – mas “o que faz sentido é que sejam retomadas para a missão continuar”.
Resta agora saber quando haverá condições para que tal seja viável. Segundo o ministro, Portugal aguarda alguns esclarecimentos do Iraque no sentido de saber “como as autoridades iraquianas vão desenvolver a sua posição” e de como “veem a presença da coligação internacional no país”.
“Há duas missões no Iraque: uma da NATO e outra de uma coligação internacional composta por 80 países”, explica João Gomes Cravinho, adiantando que Portugal faz parte desta coligação e que já não tem qualquer elemento da missão da NATO.
Segundo o ministro da Defesa, Portugal sai do Iraque numa de duas hipóteses: se os militares portugueses correrem perigo ou se não tiverem condições para prosseguir as ações de formação.
“Agora temos de ver e avaliar. Temos de dar um pouco de tempo”, insiste.
Duas bases norte-americanas foram atacadas pelo Irão na madrugada desta quarta-feira – uma retaliação à morte do general Qassem Soleimani num ataque dos Estados Unidos no Iraque.
Em comunicado enviado às redações, o Ministério português da Defesa garante que “o contingente militar português não foi afetado pelos acontecimentos desta madrugada” e que o Governo “está em contacto regular com os militares portugueses presentes na região e serão tomadas as medidas de segurança que forem consideradas necessárias”.