A procura estrangeira pelos caminhos portugueses de Santiago tem vindo a aumentar e entre os peregrinos que mais percorrem os dois caminhos certificados, o da Costa e do Interior, estão os sul-coreanos, seguidos dos alemães e norte-americanos.
Segundo dados divulgados esta terça-feira, em Vigo, numa sessão no Museu do Mar da Galiza, registou-se uma “recuperação” depois da pandemia.
Nuno Almeida, diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal, avança que, neste período pós-pandemia, “tivemos 123 mil e 800 pessoas que fizeram o caminho” português, num universo total de 438 mil.
“Quer dizer que o caminho português tem vindo a afirmar-se de uma forma sustentada”, indica o responsável à margem do encontro “Facendo Caminho”. A contribuir de forma significativa para o aumento do número de peregrinos nos caminhos portugueses está “a infraestrutura do aeroporto Francisco Sá Carneiro”, no Porto, diz Nuno Almeida.
O aeroporto do Porto tem sido uma porta de entrada pela qual “têm chegado peregrinos”, aponta o responsável português da estrutura que junta Galiza e Norte de Portugal que acrescenta, “o aumento das ligações internacionais do aeroporto tem também facilitado as chegadas, em complemento, naturalmente, aos aeroportos da Galiza”.
Caminho francês perde procura
“Só para termos uma noção, o caminho francês registou 227 mil peregrinos. Claro que há outros pequenos caminhos, como o inglês e outros que contribuem para este número final”, mas os caminhos portugueses têm registado um aumento de procura.
Já este ano, “neste primeiro trimestre” já foram contabilizados “cerca de 2.381 peregrinos que fizeram os dois caminhos portugueses, o caminho do Interior e o caminho da Costa”, num universo total de “7129 que chegaram a Santiago”. Quando comparados com os peregrinos que chegam através do caminho francês, só houve mais 1.100 pessoas a escolherem a via francesa para Santiago de Compostela.
De todos os que chegam à Catedral de Santiago, os portugueses são hoje a quarta nacionalidade. Houve 20 mil portugueses, diz Nuno Almeida. “É a quarta nacionalidade, atrás Espanha, Itália e Estados Unidos”, indica o responsável.
Na mesma apresentação, Marta Fernández-Tapias, a delegada territorial da Junta da Galiza em Vigo, explicou que “31% dos peregrinos percorreram o caminho da Costa”. Este número levou a representante do governo regional galego a afirmar que “o caminho português da Costa está a afirmar-se”.
Há, neste momento, dois caminhos portugueses certificados, mas está a trabalhar-se na certificação de mais duas rotas para que os peregrinos fazerem para chegar à Catedral de Santiago de Compostela.
Segundo Marta Fernández-Tapias, o caminho da Costa é “um dos mais maravilhosos. A paisagem é única, litoral, com vista das ilhas Cies”. A responsável indica, contudo, que estão a “trabalhar para aumentar as indicações do caminho”.
“A ideia é que os peregrinos venham”, diz a representante do governo regional, na esperança de que regressem como turistas à Galiza.
Na apresentação, Nava Castro, diretora da Agência de Turismo de Galiza, recordou que, “há sete anos, o caminho não estava certificado, nem sinalizado”. Nessa altura, muito do apoio aos peregrinos era prestado por comerciantes, taxistas e hotelaria, que ainda hoje são figuras essenciais no acolhimento dos peregrinos que, segundo Nava Castro, podem encontrar na região da Galiza “8 patrimónios mundiais”.