O recenseamento da prática dominical na diocese de Coimbra indica que 84,8% da população se afirma católica, 69,4% participa na Eucaristia pelo menos uma vez por semana e, em relação a 2011, os casamentos católicos diminuíram 46,3%.
“A região centro não é surpresa: temos uma percentagem superior à media nacional de população católica”, disse à Agência ECCLESIA Margarida Franca, que coordenou o estudo realizado na Diocese de Coimbra, referindo-se à percentagem de 80,2% de população católica em Portugal, indicada pelo censos de 2021.
De acordo com a apresentação dos resultados do inquérito realizado nas paróquias da diocese, a população que participou no recenseamento da prática dominical é envelhecida, tendo 55,8% entre 30 e 74 anos, 60,2% da população inquirida é do sexo feminino, sendo a população jovem pouco representada, apenas 2,7% da amostra.
As respostas ao inquérito, apresentadas no encontro de Abertura do Ano Pastoral, este domingo, mostram também que quase 70% dos inquiridos participam pelo menos uma vez por semana na Eucaristia e 71,1% encontra na paróquia da área da residência a referência principal para a prática religiosa, sendo apenas 11,3% os que frequentam outra paróquia dentro do concelho e 5,4% fora do concelho.
“A paróquia é um elo geográfico muito importante aos diocesanos. A paróquia da residência é que é mais frequentada”, disse Margarida Franca, acrescentando que a “proximidade e a integração na comunidade da sua residência é importante”.
Margarida Franca coordenou uma equipa de mais de 80 pessoas que realizou o recenseamento da prática dominical na Diocese de Coimbra; o estudo decorreu de 36117 inquéritos respondidos nas missas do fim de semana de 12 e 13 de novembro de 2022.
A investigadora na área das Ciências Sociais universitária adiantou também desafios para a Diocese do Coimbra que decorrem do recenseamento da prática dominical, nomeadamente os que têm por âmbito captar a atenção dos jovens e partem da experiência da Jornada Mundial da Juventude.
“Seria interessante olhar para forma como as jornadas foram montadas: ouve um tipo de participação cultural e artística que pode eventualmente atrair os jovens. As nossas paróquias podem estar atentas a essa formas de atração mais culturais e artísticas, música, teatro”, afirmou.
Margarida Franca refere ainda que é necessário promover “outra forma de celebrar as Eucaristias”, mais participativas e que não coloquem os jovens “só a assistir, caladinhos a ouvir” e “transpor a magia da JMJ” para as paróquias da diocese.
A coordenadora do recenseamento da prática dominical em Coimbra referiu-se também ao “peso muito grande na vida dos párocos” das tarefas burocráticas e administrativas, afirmando que “falta mais tempo para o acompanhamento” e para o “ouvir” e para “pensar” a programação.
“Se estão voltados para tarefas mais burocráticas, mais pesadas, pode faltar tempo para tarefas mais essenciais”, afirmou.
O estudo sobre os dados do recenseamento da prática dominical incluiu também o nível de escolaridade, a presença de população estrangeira e a constituição familiar, verificando-se na diocese a tendência nacional de aumento percentual de núcleos familiares sem filhos (41,3%) e da diminuição de famílias com três ou mais filhos (2,9%).
Com um território de 5.857 quilómetros quadrados, a Diocese de Coimbra tinha, em 2021, 525 mil habitantes, menos 3,8% do que em 2011 (553 mil). O inquérito para o recenseamento da prática dominical foi realizado em 269 das 271 paróquias da diocese e no Seminário Maior.