A CP adjudicou a maior compra de sempre de novos comboios ao consórcio entre a francesa Alstom e a portuguesa DST. A empresa pública ferroviária anunciou a decisão esta terça-feira.
Em comunicado, a Comboios de Portugal anunciou a decisão acerca do concurso para a compra de 117 comboios, que se dividem entre 62 automotoras para o serviço urbano e 55 automotoras para o serviço regional. A compra tem um custo de 819 milhões de euros, pagos pelo Orçamento de Estado - incluindo 617 milhões em fundos europeus.
De acordo com a CP, "a incorporação destes novos comboios na frota representa um avanço significativo na melhoria da eficiência, conforto e frequência dos serviços oferecidos, contribuindo decisivamente para a mobilidade sustentável e a diminuição da pegada ecológica no transporte nacional".
"Este projeto promoverá o desenvolvimento e sustentabilidade do setor ferroviário no médio e longo prazo, sendo um marco fundamental na modernização e expansão do transporte ferroviário de passageiros em Portugal", diz a empresa.
No final de outubro, o então ministro das Infraestruturas, João Galamba, tinha anunciado que este concurso, lançado em julho de 2021, estava "na fase final da adjudicação".
Novos comboios devem começar a chegar em 2026
Aquando do lançamento do concurso, o Governo disse esperar que o primeiro comboio chegue em 2026, e que a totalidade das 117 novas composições esteja em operação a partir de 2029.
O consórcio Alstom-DST foi indicado pelo júri do concurso, em julho, como o que teria melhores condições para ver a encomenda ser-lhe adjudicada. Porém, segundo o jornal Público, os vários concorrentes pediam, em julho, a exclusão um dos outros, alegando violações das regras do concurso. O perigo é que o tema acabe a ser decidido em tribunal, atrasando a finalização do processo.
Na sua proposta, a Alstom - construtora do famoso TGV francês - e a DST comprometem-se com a construção de uma fábrica em Matosinhos, a par de uma oficina de manutenção em Guifões, também em Matosinhos - onde a CP também tem uma unidade de engenharia e manutenção. As duas infraestruturas deverão criar 300 postos de trabalho - apesar das notícias recentes que a Alstom, com lucros abaixo do previsto, está a vender ativos e a despedir 1.500 trabalhadores.
Esta não é a única compra de comboios que a CP tem em curso. Em 2021, a empresa pública contratou à Stadler a compra de mais 22 comboios para o serviço regional, na primeira aquisição de material circulante desde 2002 - quando entraram ao serviço as automotoras que hoje fazem os serviços urbanos que partem de e para o Porto.
A CP também quer comprar pelo menos 14 comboios novos para a alta velocidade. Mas esses têm de ser pagos integralmente pela CP, já que a alta velocidade é considerada um serviço comercial.
[atualizada às 13h26]