A Casa da Moeda do Reino Unido inaugurou esta quarta-feira uma "fábrica pioneira" que cria novas peças de ourivesaria a partir dos metais preciosos presentes no lixo eletrónico.
Nesta fábrica, que fica localizada no sul de Gales, é utilizada uma tecnologia "limpa e de baixo-custo" para extrair o ouro presente nas placas de circuito impresso, que podem ser encontradas em vários dispositivos como telemóveis, computadores ou televisões, explica a "The Royal Mint" em comunicado.
Segundo a empresa, que pertence ao tesouro do Reino Unido, o complexo industrial tem capacidade para processar até quatro mil toneladas de placas de circuito impresso por ano. Uma ação que a organização, também conhecida por fabricar moedas, considera "encorajar práticas industriais mais sustentáveis", ao "reduzir a dependência da mineração tradicional".
"Não só estamos a preservar metais preciosos finitos para as gerações futuras, como também estamos a preservar o artesanato especializado pelo qual a Royal Mint é famosa, criando novos empregos e oportunidades de requalificação para os nossos funcionários", afirma a chefe-executiva da empresa, Anne Jessopp.
Vídeo do processo de recuperação dos metais preciosos a partir do lixo eletrónico.
O processo consiste em dois passos. Em primeiro lugar, as placas são partidas em vários elementos, sendo descartados aqueles que não contêm metais preciosos. Depois, os componentes seguem para uma máquina onde está um liquido que dissolve os metais preciosos presentes nas peças. O processo marca a diferença relativamente às práticas convencionais, já que é feito à temperatura ambiente, implicando menos gastos energéticos.
Recorde-se que, segundo os dados do "Global e-Waste Monitor 2024", da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2022 foram desperdiçados 62 mil milhões de toneladas de material eletrónico, um aumento de 82% face a 2010. Os dados da ONU revelam ainda que apenas 1% do lixo eletrónico mundial é reciclado, constituindo um desperdício de recursos que ultrapassa os mil milhões de dólares. Apesar do alerta, a organização antecipa que a situação venha a piorar, estando previsto que o desperdício atinja os 82 milhões de toneladas anuais em 2030.