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A Ordem dos Farmacêuticos não foi avisada pelo Governo de que iriam ser chamados a validar autotestes à Covid-19 para garantir acesso, por exemplo, a restaurantes e hotéis. A revelação é feita pela bastonária Ana Paula Martins.
Em entrevista à Renascença, a bastonária garante que não será pelos farmacêuticos que os testes não se vão fazer, mas defende que "tem que haver condições". "Não podemos ter medidas avulsas que aparecem à quinta-feira e que na sexta-feira têm de estar implementadas. Isto não funciona assim e nós temos de respeitar aquilo que são requisitos técnicos", recorda.
"Tenho de deixar este apelo ao Governo para que, quando tomam estas medidas, tenha em conta a sua operacionalização", recordando que é preciso algum tempo para que possam "organizar os serviços e as equipas para responder a esta necessidade".
A bastonária recorda que “a circular do Infarmed proíbe, e na nossa opinião, bem, realizar testes que nós próprios vendemos”, mas admite que o possam fazer.
“Aceitamos que, devido à situação pandémica, possamos, caso as autoridades de saúde queiram alargar este serviço de acompanhamento do teste com profissionais de saúde, nós naturalmente estamos do lado da solução”, refere.
No entanto, há que existir condições, reclama. "Uma pessoa que vai fazer um teste para todos os efeitos vai verificar se está positiva ou negativa e nós temos encontrado de facto uma percentagem de positivos elevada. Não podemos pedir à pessoa para, num cantinho da farmácia, tirar a máscara, para fazer a colheita ela própria num cantinho... isto não pode ser assim. Tem de ser normalizado, da mesma forma que fazemos os testes para uso profissional. Temos que ter um regime de exceção e o serviço tem de ser valorizado", argumenta.
Ana Paula Martins refere que já foram distribuidos pelas farmácias cerca de um milhão e 200 mil testes à Covid-19, dos quais 178 mil foram realizados nas próprias farmácias e os restantes são autotestes.