Contra as leis que promovem a igualdade entre homens e mulheres, anti-imigração e autonomia das regiões espanholas. Santiago Abascal é o polémico líder do Vox, o partido de extrema-direita que entrou no Parlamento pela “porta grande”.
O Vox passou da insignificância nas legislativas de junho de 2016, em que não foi além de 0,2%, para uma entrada com estrondo no congresso nacional nas eleições deste domingo, em que conquistou 10,2% dos votos, o equivalente a 24 deputados.
Os primeiros sinais da ascensão do partido de extrema-direita foram dados no ano passado, quando o Vox lançou ondas de choque ao conquistar 12 lugares no parlamento regional da Andaluzia.
Na altura, o líder Santiago Abascal, de 43 anos, declarou que “a reconquista de Espanha começa na Andaluzia”, uma referência ao período da história em que os cristãos derrotaram os muçulmanos na Península Ibérica.
Defende a legalização da posse de armas de fogo para defesa pessoal. Considera que os “espanhóis de bem” têm o direito a poder defender as suas casas de assaltantes. Ele próprio anda sempre armado com um revólver, desde que começou a ser alvo de ameaças.
Eurocético, Santiago Abascal considera que as instituições europeias não podem colocar em causa a soberania de Espanha.
Natural do País Basco, o líder do Vox é licenciado em Sociologia. Entrou para as fileiras do Partido Popular (PP), em 1994, e foi deputado no parlamento regional, entre 2004 e 2009. Desiludido, rompeu com o Partido Popular, em 2013, e juntou-se ao recém-criado Vox.
Inspiração em Trump e no pai
Inspirado pelo estilo populista de Donald Trump, Abascal quer “Tornar a Espanha grande outra vez” e no discurso deste domingo, após ter conquistado 24 deputados, declarou: "O Vox veio para ficar".
O partido privilegia a comunicação através das redes sociais e tem um discurso nacionalista e duro em relação à imigração, aos bancos e à comunicação social.
Abascal raramente concede entrevistas e não participou nos debates televisivos com os outros candidatos, por decisão da comissão eleitoral, uma vez que não tinha deputados eleitos.
À semelhança da posição de Trump em relação à fronteira com o México, Abascal defende a construção de um muro seguro nos enclaves de Ceuta e Melilla e que seja Marrocos a pagar a factura. A retórica anti-imigrantes, sobretudo islâmicos, é uma marca dos discursos do líder do Vox.
“Eu sou um apoiante da discriminação”, disse o político, em 2017, em entrevista à estação de televisão 7TV Andalucia.
As ligações a Trump continuam. Rafael Bardaji, um dos fundadores do Vox, encontrou-se com Steve Bannon, com o principal estratega da campanha do Presidente norte-americano.
Em fevereiro, Bannon, que entretanto abandonou a Casa Branca para se dedicar a promover o populismo e o protecionismo, disse que o Vox era “um dos mais importantes e interessantes partidos políticos na Europa”.
O mentor do líder do Vox é o seu pai, Santiago Abascal Escuza, um empresário que aderiu ao Partido Popular durante os anos mais duros e violentos da organização separatista basca ETA.