O secretário-geral da aliança atlântica, Jens Stoltenberg, avisou este sábado a Rússia de que, se quiser ter “menos NATO” nas suas fronteiras, só conseguirá ter “mais NATO”, sublinhando o compromisso “inabalável” dos Estados-membros da organização.
"Moscovo tenta reverter a história e recriar a sua esfera de influência”, acusou Stoltenberg num discurso na Conferência de Segurança de Munique.
"Somos todos aliados da NATO, somos apenas um e faremos sempre o que for necessário para nos protegermos e defendermos mutuamente”, garantiu.
Stoltenberg instou Moscovo a retirar as suas tropas da fronteira com a Ucrânia como "primeiro passo" para uma "solução pacífica" das tensões dos últimos meses.
"Apesar do que diz Moscovo, não vemos sinais de desescalada", afirmou, sublinhando, no entanto, que ainda "não é tarde" para "mudar de rumo e dar um passo atrás perante o abismo".
"Estes são dias perigosos para a Europa. A Rússia tem tropas em massa junto à Ucrânia naquele que é o maior destacamento desde a Guerra Fria. Não sabemos o que vai acontecer, mas o risco de conflito é real. Os aliados da NATO continuam com grandes esforços diplomáticos para encontrar uma solução política."
O secretário-geral da NATO, que recebeu hoje o galardão Ewald von Kleist, atribuído pela organização da Conferência de Segurança de Munique, reiterou que a aliança está "disposta ao diálogo".
Na mesma conferência, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou o Kremlin de que um ataque à Ucrânia custará à Rússia “um futuro próspero” e acusou Moscovo de tentar "minar" a arquitetura de segurança europeia.
Pela primeira vez em muito tempo não há um representante russo na Conferência de Segurança de Munique, na qual participou, nos últimos 12 anos, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, que esteve em Munique até durante a crise da Crimeia em 2014.
Alguns observadores consideram que a ausência russa significa que o Kremlin abandonou os esforços para encontrar uma solução pacífica para a crise da Ucrânia
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.
Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.
Ainda hoje, à margem da Conferência de Munique, está previsto um encontro entre a vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.