Existem condições para até ao final do ano haver uma decisão definitiva sobre a criação de salas de consumo assistido de drogas, mais conhecidas como salas de chuto, afirma o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
"Tem de ser discutida tecnicamente e depois politicamente de uma maneira alargada. Creio que há condições para que ao longo deste ano se possa ter uma posição definitiva", disse o ministro no final da inauguração das novas instalações do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), no parque de Saúde Pulido Valente, em Lisboa.
As salas de chutos estão previstas na legislação portuguesa desde 2001, mas ainda não saíram do papel.
O director-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, explicou que a ideia surgiu para dar resposta aos níveis de consumo da altura.
Quando houve um acordo entre as autarquias e o Governo entre 2008 e 2009, o consumo de “via injectável tinha vindo dos 15% para os 3%” e a ideia já não se adequava, refere.
Contudo, explicou João Goulão, durante o período de crise económica em Portugal, houve um ressurgimento do consumo de substâncias como a cocaína por via injectável e a heroína, à custa de recaídas de antigos consumidores, recolocando assim a necessidade de se avançar.
O director-geral da SICAD adiantou que há a probabilidade de se vir a ter “uma ou mais salas de consumo assistido nas grandes cidades”, como Lisboa e Porto. João Goulão acrescentou que o consumo é maior nestas áreas urbanas.
Em 2015, morreram 181 pessoas com drogas no organismo, das quais 40 por overdose. Destaca-se a presença de ópio, cannabis, cocaína e metadona na maioria dos organismos das pessoas que morreram por overdose. Em Portugal, 2015 foi o segundo ano consecutivo em que se deu um aumento do consumo de drogas injectáveis.