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Durante a apresentação do relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Menores na Igreja Católica foram divulgados alguns testemunhos de vítimas.
- “Marcou-me para o resto da minha vida. Passei muitos anos na escuridão”
- “Aquilo destruiu o meu futuro, e fez do meu passado um autêntico buraco negro”
- “Sei que não fui só eu, e se não posso ajudar os que na altura sofreram comigo, então que se protejam os mais novos de passarem pelo mesmo”
- “Fui eu, o Gonçalo e o Diogo. Estávamos os três no mesmo quarto. Cada um foi uma noite com ele”
- “Era o diretor do lar. Podia escolher quem quisesse. Virava por todas e as freiras calavam. As meninas sabiam, mas não se falava disso entre nós”
- “Disse-me que eu já tinha lindas maminhas. És quase uma senhora. Não sentes vontade de me tocar?” “Chega-te aqui. És linda. Até já tens pelinhos"
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“Condicionou a minha sexualidade. Influenciou o início da minha vida sexual”
- “Um enorme problema que desorientou a minha sexualidade, pois mais tarde nesse verão repeti tudo com o meu primo mais velho, emigrante em França, pois eu pedi-lhe para lhe agradar e ele gostou"
- “Odeio. É a única coisa que odeio na vida. A Igreja, o credo, as crenças e pessoas ligadas a ela. Desde que sou autónoma, nunca fui a uma igreja e não acredito em Deus”
- “Estiveste bem, Deus está orgulhoso de ti. Gostaste, ele perguntava. Eu não sabia o que responder. Se me sentia melhor. Que Deus me amava mais do que qualquer uma ali no colégio. Dizia que eu era especial”
- “Dizia que se contasse alguma coisa a alguém, nunca mais via os meus pais. Ameaçava denunciar-me aos meus pais e pároco. [Dava-me] dinheiro e ameaçava a minha mãe”
- “Afastei-me da Igreja e de religiões organizadas. Nos anos seguintes não conseguia entrar numa igreja, sentir o cheiro a incenso, a flores e ao perfume que usava. Durante uma década entrava facilmente em discussões com católicos, culpando-os do que me tinha acontecido”
A Comissão Independente validou um total 512 testemunhos de abuso sexual na Igreja Católica nas últimas décadas. O número foi avançado por Pedro Strecht, coordenador desta comissão, na apresentação do relatório final, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
O pedopsiquiatra revelou que "foram recebidos um total de 564 [testemunhos]. Estes testemunhos, como depois iremos explicar com toda a cautela, permitem chegar a uma rede de vítimas muito mais extensa, calculada num número mínimo de 4.815 vítimas", adiantou.
De acordo com o juiz Laborinho Lúcio, foram enviados para o Ministério Público 25 denúncias de vítimas de abusos que ainda não prescreveram.
Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:
- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.
Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa
- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.
Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.
Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt
- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.
São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.
Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.
Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:
- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica
Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt