Groundforce. Governo rejeita nacionalização, mas "não pode fazer adiantamentos sem garantias"
04-03-2021 - 22:50
 • Renascença com Lusa

"Chegou um momento em que a TAP deixou de poder continuar a fazer adiantamentos", afirmou o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, considera que a TAP tem feito "um grande esforço para apoiar a Groundforce", mas chegou um momento em que "a TAP não pode continuar a fazer adiantamentos sem ter garantias".

"Temos feito um trabalho importante para apoiar a Groundforce nos últimos meses", através do adiantamento de verbas por serviços ainda não prestados, mas "chegou um momento em que a TAP deixou de poder continuar a fazer adiantamentos", afirmou esta quinta-feira o ministro em conferência de imprensa, no Ministério das Infraestruturas e da Habitação.

Por outro lado, o ministro das Infraestruturas rejeitou um cenário de nacionalização da empresa de handling, sublinhando que a TAP “não pode, a prazo, manter uma posição maioritária numa empresa de handling e não está em causa querermos nacionalizar a companhia".

Pedro Nuno Santos deixou, ainda, uma palavras aos 2.400 trabalhadores da Groundforce, que estão numa situação de "grande desafio" nas suas vidas, com os salários de fevereiro em atraso.

O presidente da Pasogal, Alfredo Casimiro, detentor de 50,1% da Groundforce tem dito que aceita dar como garantia as ações da empresa em troca de um empréstimo garantido, se pudesse manter o controlo da gestão, em caso de falha de pagamento.

Para Pedro Nuno Santos, qualquer empresário reconhece que a situação não é aceitável”.

O ministro sublinhou, ainda, que a sua obrigação “é defende e proteger o interesse público e, neste caso, o dinheiro dos portugueses".

Em causa está o empréstimo de 2,05 milhões de euros pedido pela Groundforce à TAP para regularização de salários.

A transportadora disponibilizou-se para conceder o empréstimo a título excecional na condição de a Groundforce obter um financiamento de modo a garantir que pagaria o que deve à TAP, proposta que Alfredo Casimiro classificou como “insultuosa”, numa carta dirigida ao Executivo, depois de ter apresentado as ações da empresa de handling como garantia do empréstimo.

Questionado sobre as declarações de Alfredo Casimiro, o governante desvalorizou o "tom da carta", dizendo entender tendo em conta "a situação de desespero em que está o acionista privado da Groundforce".

"Tenho de dar um desconto à carta que foi tornada pública e faço esse desconto, porque entendo a situação de desespero em que está o acionista privado da Groundforce. O tom da carta não é relevante, o que é relevante é que tenho de fazer bem o meu trabalho — defender a TAP e o dinheiro dos portugueses", declarou.

Pedro Nuno Santos disse acreditar que ainda seja possível chegar a uma "solução", que passa por o "acionista privado compreender que a TAP tem direito a proteger-se", antes de fazer novos adiantamentos de capital à empresa de que é acionista (49,9%), que já totalizam 12,3 milhões de euros.

"Aquilo que não conseguimos entender é, se de facto é intenção do acionista privado é pagar à TAP [a dívida], qual é o problema de assumir" [a penhora da sua participação]. Ainda nos assusta mais", acrescentou.