Sâo sinais dos tempos e os ventos na nova legislatura. O CDS viu a sua bancada encolher para um terço, o Partido Ecologista “Os Verdes” mantém dois deputados, mas vê sair a histórica Heloísa Apolónia. Já o PAN passou de um para quatro deputados e ganhou estatuto de grupo parlamentar.
Cecília Meireles, líder parlamentar do CDS, admite que a sua bancada começa a nova época parlamentar “mais triste”, mas por outro lado “mais combativa”.
“A nossa grande missão nesta legislatura é provar que os deputados do CDS são deputados que representam bem, são trabalhadores, são focados e cada um de nós vai ter de valer por muito mais”, diz à Renascença a nova líder parlamentar do CDS.
No outro lado do hemiciclo está José Luis Ferreira, do Partido Ecologista “Os Verdes”. Também reconhece que este arranque de legislatura é diferente. “A Heloísa Apolónia faz cá muita falta”, diz. A histórica do partido não conseguiu ser eleita pelo círculo de Leiria e ficou de fora do Parlamento após 24 anos como deputada.
José Luis Ferreira diz que agora terá de ser ele, ainda que coadjuvado pela sua companheira de bancada Mariana Silva, a arcar com grande parte do trabalho que cabia a Heloísa Apolónia. “Calha a todos”, desabafa, para depois garantir que se sente com “com forças e determinação” para o que aí vem.
“Cá estaremos para as batalhas do futuro”, diz e lembra animadamente que na nova configuração parlamentar, “Os Verdes” voltaram a conquistar um lugar na primeira fila. “Mudámos de sitio, regressámos à primeira fila e é importante no que diz respeito à dignidade da bancada parlamentar”, assegura.
E já que se fala de lugares, voltamos ao CDS que está ali “cadeiras-meias” com André Ventura, do Chega. Cecília Meireles não quis alongar-se em comentários sobre a polémica que fez correr tinta antes do Parlamento reabrir. “Respeitamos as escolhas que os portugueses fizeram em liberdade”, garante Meireles. Quanto às polémicas, “foram insufladas” e “é tudo tranquilo”, remata.
Quatro deputados, novo gabinete e as boas-vindas a quem chega
André Silva não esconde a satisfação. Há quatro anos chegou ao Parlamento sozinho, agora são quatro os deputados do PAN, partido que que assim conquista um grupo parlamentar (e um gabinete mais espaçoso).
“É muito mais agradável esta perspetiva de estar a receber outras pessoas novas, agora num grupo parlamentar, do que chegar aqui sozinho”, diz, acrescentando de imediato que foi “um desafio enorme” e foi “bastante saboroso ter conseguido entrar num sistema político-partidário absolutamente fechado”.
Além de ter a experiência tão fresca na memória, também do ponto de vista político e ideológico vê com bons olhos a chegada de mais três partidos.
“É de facto muito positivo haver mais partidos no Parlamento. É mais desafiante, os trabalhos têm de ser encarados de outra forma porque são mais pessoas a intervir, mas por outro lado há mais visões”, explica, manifestando ainda o desejo que, com maior pluralidade, haja “várias matérias que podem avançar e o debate sobre as diferenças fica mais rico”.
E, no que depender do PAN, na próxima legislatura chegarão mais partidos.
“O método de Hondt e os círculos tal como estão desenhados não espelham em mandatos a proporção dos votos”, argumenta. “Se tivéssemos uma distribuição proporcional de mandatos relativamente ao número de votos, partidos como o PAN teriam mais deputados, na ordem dos sete deputados; outros partidos como o Bloco de Esquerda, o PCP e o CDS também sairiam mais reforçados e partidos que agora têm um deputado teriam eventualmente dois. Outros partidos que ficaram à porta poderiam ter entrado. Isso sim seria um espelho mais verdadeiro daquilo que é a representação, a vontade dos portugueses nas urnas”, defende.
Por isso, diz, sem rodeios: “se depender de nós, cá estaremos para fazer um debate à revisão do sistema eleitoral”.