Já terá chegado a Ghouta Oriental o comboio humanitário das Nações Unidas.
A indicação está a ser avançada pela agência Reuters que, contudo, refere que as forças governamentais sírias só autorizaram a passagem de mais de 40 camiões depois de, alegadamente, terem retirado parte do material cirúrgico destinado ao tratamento dos feridos.
O quadro humanitário no enclave rebelde nos arredores de Damasco é, nesta altura, o mais preocupante no conflito sírio.
Em declarações à Renascença, David Swanson – porta-voz da coordenação humanitária da ONU na Síria – explica que "há pelo menos três milhões de pessoas com necessidades urgentes de apoio humanitário na Síria" e que, dessas, "mais de 420 mil encontram-se em zonas sitiadas, quer pelo exército sírio, quer por milícias rebeldes".
O diálogo com as partes em conflito “é um elemento decisivo para garantir a segurança à passagem das colunas humanitárias”.
Swanson lamenta “a enorme volatilidade que se vive em Ghouta Oriental” que, de acordo com este responsável, “concentra 94% da população síria que vive sitiada” em território sírio.
Ghouta oriental é um enclave ocupado pelos rebeldes junto a Damasco. Toda a zona circundante é dominada pelas forças leais ao regime. Calcula-se que em Ghouta vivam mais de 400 mil pessoas, na esmagadora maioria civis.
As forças armadas da Síria têm levado a cabo uma campanha de bombardeamento de Ghouta, procurando levar os rebeldes a render-se, numa situação muito parecida com a que se passou em Alepo oriental, que foi finalmente libertada pelo regime em 2016, após uma campanha que causou muitos mortos e também mobilizou a comunidade internacional.
São pelo menos três os grupos rebeldes activos em Ghouta, todos de natureza islâmica extremista e a população é usada como escudo humano. Os morteiros lançados de Ghouta para Damasco têm feito também dezenas de mortos nos últimos meses.
As tentativas de mediar um cessar-fogo têm sido muito complicadas. Um cessar-fogo foi aprovado pelas Nações Unidas, mas excluía grupos terroristas. Uma vez que o regime, com o apoio da Rússia, apelida os grupos rebeldes de terroristas, tem continuado os ataques.
Vladimir Putin, numa mostra de força e de influência na região, impôs um cessar-fogo temporário, de cerca de cinco horas por dia, que possibilitou finalmente a entrada de ajuda humanitária esta segunda-feira.