Donald Trump firmou o acordo entre Washington e Bruxelas na luta anti-terrorista, ainda que questões permaneçam em aberto, nomeadamente as diferenças entre o Presidente dos Estados Unidos e os líderes europeus no que toca ao comércio, a relação com a Rússia e a luta contra as alterações climáticas. Brexit foi também um tema na agenda.
Numa reunião com os responsáveis europeus antes de uma cimeira da Aliança Transatlântica, Donald Trump terá dado voz às preocupações do efeito que a saída do Reino Unido pode ter nos empregos de cidadãos norte-americanos a residir nesse país, mostrando assim que o seu apoio inicial à vontade do Reino Unido em sair da União Europeia pode estar em causa se isso implicar consequências para os cidadãos americanos.
Os representantes concordaram ainda na necessidade de preparar um “plano de acção” no que toca às trocas comerciais entre Estados Unidos e União Europeia, o que novamente pode ser um sinal de que o novo inclino da Casa Branca não estará tão empenhado em aplicar as medidas proteccionistas como defendeu durante a campanha.
“Intensificar a cooperação comercial é uma situação vantajosa para os dois lados”, disse o assessor do Presidente da Comissão Europeia responsável pela negociação do TTIP (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento) ouvido pela agência Reuters. “Ficou acordado que íamos começar num plano conjunto”, disse o mesmo assessor, ainda que não tenha ficado claro se isso significa um ressuscitar das negociações para a assinatura de um acordo que Donald Trump não é particularmente favorável.
Sem prestar declarações aos jornalistas no final da conferência, Donald Trump terá ainda acordado com os líderes europeus a necessidade de se juntarem esforços no combate à ameaça terrorista, uma decisão que é tomada dias após o atentado reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico e cuja investigação tem sido assombrada por fugas de informação que as autoridades britânicas atribuem aos Estados Unidos.
“Concordamos em muitas áreas, sobretudo no que toca ao contra-terrorismo”, disse aos jornalistas Donald Tusk depois da reunião que demorou cerca de uma hora. “Algumas questões permanecem em aberto, como o clima e o comércio”, admitiu o Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
A questão ambiental é um tema particularmente sensível entre europeus e o Presidente dos Estados Unidos, nomeadamente depois de Donald Trump ter defendido o abandono do país do Acordo de Paris que Barack Obama assinou e em que os Estados Unidos se comprometiam a diminuir os valores de emissão de gases de efeitos de estufa.
O tema Rússia também esteve em debate, com o Presidente do Conselho Europeu a dizer, no final da reunião, não estar “100% seguro de que temos uma posição comum sobre a Rússia”. Os dois gigantes concordaram ainda assim na necessidade de por fim ao conflito na Ucrânia, um conflito que levou Estados Unidos e União Europeia a aplicar sanções económicas à Rússia.
A reunião fica ainda marcada por um momento caricato, com o antigo primeiro-ministro polaco e agora Presidente do Conselho Europeu a ter recebido o Presidente dos Estados Unidos à porta do edifício em Bruxelas, dizendo-lhe que por ali aquela era conhecida como a “Tusk Tower”, numa referência aos inúmeros edifícios com com o nome de “Trump Tower” que o agora Presidente dos Estados Unidos construiu em todo o mundo.