O aumento de funcionários públicos ameaça a “sustentabilidade das contas públicas”, defendeu, esta sexta-feira, o governador do Banco de Portugal, numa conferência de imprensa organizada pela Ordem dos Economistas, onde esteve também o ministro das Finanças.
Mário Centeno alerta para "dinâmicas que preocupam" no crescimento do número de funcionários públicos, que duplicou no período pandémico face aos anos anteriores, em média, entre 2015 e 2020.
No final de março, trabalhavam nas Administrações Públicas 741.288 pessoas, o que representa um crescimento de 15,8 mil postos de trabalho (+2,2%) em termos homólogos, sobretudo devido às contratações de trabalhadores para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e de professores.
Numa conferência sobre o Orçamento do Estado para este ano, Mário Centeno sublinhou também a necessidade de baixar o endividamento.
Antes do governador falou o ministro das Finanças, Fernando Medina, que defendeu mais investimento em infraestruturas energéticas.
Na sua intervenção, o ministro das Finanças voltou a defender as contas certas. Fernando Medina diz que reduzir o défice e a dívida vai ajudar as famílias, quando os juros começarem a subir.
“Quando o conseguirmos estaremos a robustecer de forma significativa, importante e decisiva as condições de manutenção de poderes de compra das nossas famílias. O aumento das taxas de juro é um elemento de risco ao poder de compra das famílias, que tem que ser encarado pelo Governo numa medida de precaução e prevenção”.
Na linha das declarações do primeiro-ministro, também Fernando Medina reforça a necessidade de “garantir maior autonomia, facilitando a importação de petróleo e de gás de outras regiões”.
Para isso, o governante sublinha que é importante canalizar investimento europeu para infraestruturas energéticas e insistir nas políticas de industrialização e inovação tecnológica.
São declarações numa conferência sobre o Orçamento do Estado para este ano, onde o ministro defendeu também uma subida cautelosa dos juros, alinhada com o reforço da contratação coletiva e transferências públicas para os mais afetados pela crise.
Até o outono o Governo pretende fechar um acordo sobre rendimentos e competitividade com os parceiros sociais.
Nesta conferência organizada pela Ordem dos Economistas ouviram-se críticas ao Orçamento do Estado, pela voz do bastonário, o antigo ministro socialista, António Mendonça.
"As medidas constantes no Orçamento para atenuar os efeitos imediatos da guerra ou para recuperar os rendimentos das famílias, são sem dúvida importantes, mas talvez tímidas, tendo em conta a situação que se está a atravessar", declarou o bastonário da Ordem dos Economistas.