Será Rui Costa a exercer o cargo de presidente do clube e da SAD do Benfica caso Luís Filipe Vieira fique impedido de o fazer.
Bola Branca sabe que o atual vice-presidente encarnado tem o apoio dos restantes elementos da direção, incluindo José Eduardo Moniz, também "vice" de Vieira e que estava igualmente a ser apontado à função.
Luís Filipe Vieira foi detido, na quarta-feira, após buscas, por suspeitas de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Esta quinta-feira, o presidente do Benfica deverá ser presente a primeiro interrogatório judicial e conhecer as medidas de coação aplicadas. Caso estas impeçam Vieira de exercer funções, Rui Costa suprirá a sua ausência como presidente do Benfica.
De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estão em causa “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
O DCIAP informou que tinham sido detidas quatro pessoas (um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol), na sequência de cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária, em Lisboa, Torres Vedras e Braga.
Segundo o "SOL", os restantes detidos são o filho do presidente do Benfica, Tiago Vieira, e os empresários José António dos Santos, acionista da SAD encarnada e conhecido como "Rei dos Frangos", e Bruno Macedo.
Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurarem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Em comunicado à CMVM, a SAD do Benfica confirmou a detenção e constituição como arguido de Luís Filipe Vieira, e demarcou-se da investigação, adiantando que as funções do presidente serão "asseguradas nos termos previstos na lei e nos estatutos" da sociedade.
Já a direção do clube garantiu que a competitividade e gestão estão "asseguradas, no respeito e em observância das normas regulamentares estabelecidas nos estatutos", e que estava "firmemente [determinada] a defender sem qualquer reserva, de forma coesa e como [lhe] compete, os interesses do clube, que, esclarece-se, não é objeto da investigação".
Na quarta-feira à noite, após a chegada de Luís Filipe Vieira à esquadra da PSP em Moscavide, Lisboa, o advogado garantiu que o presidente do Benfica não foi apanhado de surpresa pela detenção e que está tranquilo.
"Estava com serenidade. Nunca somos apanhados de surpresa quando estamos nestas funções. Poderão sempre passar-se coisas deste tipo e estamos preparados para acompanhar as pessoas quando têm estes incómodos. Suspeitas são suspeitas", sublinhou Magalhães e Silva.
A deteção de Luís Filipe Vieira causou grande burburinho dentro e fora do Benfica. O valor das ações da SAD caiu em cerca de 5,5%.
Em declarações a Bola Branca, João Braz Frade, porta-voz do movimento “Benfica Bem Maior” e antigo vice-presidente do Benfica, não tem dúvidas de que a situação “afeta gravemente a imagem” do clube.
João Noronha Lopes, candidato vencido nas últimas eleições, assumiu, em declarações à CMTV, estar "muito preocupado" com o Benfica.
O também antigo candidato Bruno Costa Carvalho foi mais longe, em entrevista à Renascença, e pediu eleições antecipadas, por considerar que Luís Filipe Vieira deixou de ter condições para liderar o Benfica.
As reações à detenção do presidente do Benfica estendem-se ao universo político. PS diz que é "tempo de a justiça atuar". O Chega pede rapidez, eficácia e transparência. O CDS-PP considera "saudável" que o trabalho dos deputados possa ser aproveitado pela justiça. PAN fala de "sinal positivo de que não há cidadãos intocáveis para a justiça".