A época balnear começou esta quarta-feira, primeiro dia do mês de junho, com quase metade dos nadadores-salvadores por contratar, cerca de 47%, de acordo com um estudo efetuado pela Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (FEPONS).
Só na zona Sul, onde a época balnear já começou na maioria das praias, “existe uma média de 45% de nadadores-salvadores por contratar”, enquanto que no Norte a média é de 52% e no Centro de 44%, sendo que nestas zonas a maioria das praias “ainda não está em período de época balnear”.
Segundo a FEPONS, no Sul do país existem 22 concessões de praia que, “embora já em período de época balnear, foram forçadas a permanecer fechadas devido à falta de nadadores-salvadores, o que eleva o risco de afogamento”, refere o estudo.
Em declarações à Renascença, Alexandre Tadeia, refere que o problema reside na “falta de incentivos”, por parte do Estado, numa profissão que até suscita interesse junto dos estudantes.
“O Estado ainda não criou dentro da função pública, uma carreira especial de nadador-salvador. Isto quer dizer que, quando são contratados, eles são colocados como assistentes operacionais, com o salário mais baixo que existe na função pública”, lamenta o diretor da FEPONS.
A tendência é a piorar, considera a federação, neste primeiro dia da nova época balnear em que falta contratar 47% destes profissionais. A situação obriga a que os contratados tenham que trabalhar perto de “70 horas semanais”, perante o desinteresse dos cidadãos pela carreira e tudo por culpa do Estado.
“O próprio Estado não quer assumir esta área e isto faz com que exista um enorme desinteresse por parte das pessoas pela área. Não há jovens a querer tirar o curso e os que já tiraram, só cerca de 49% voltam a trabalhar no ano seguinte. Todos os anos perdemos 51% dos nadadores-salvadores”, revela, Alexandre Tadeia.
O responsável vai mais longe e lembra que Portugal não pode “vender” um produto turístico, quando não cumpre todos os critérios de segurança obrigatórios.
“Em termos de turismo, o país vende sol e praia, mas não temos segurança nas praias e isso é muito mau para o turismo português, mas pior ainda, e mais grave, é a morte por afogamento”, alerta.
“Em Portugal, estamos com uma média anual de 120 mortes por afogamento, logo não podemos dizer que que somos um país seguro, quando não cumprimos todos os requisitos legais exigidos para conferir essa segurança”, acrescenta o responsável da FEPONS.
Na nota enviada à Renascença, esta federação observa que a transferência de competências da assistência a banhistas para as autarquias “está a ser desvirtuada”, com muitos municípios “a empurrar esta área para os concessionários de praia, quando o objetivo seria melhorar as condições de trabalho dos nadadores-salvadores ao passar este setor para o Estado”.
A FEPONS pede, também, aos políticos que avancem com uma “urgente revisão” da legislação do setor.