Estreia na quinta-feira, dia 23, a peça “Andy”. Nove jovens atores portugueses representam e cantam em inglês o espetáculo que abre a temporada do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
O musical criado pelo realizador norte-americano Gus Van Sant presta homenagem a um dos ícones da Pop Art e é apresentado no âmbito da Bienal de Artes Contemporâneas (BoCA). Vai estar em cena até 3 de outubro.
Aos 69 anos, Gus Van Sant que já esteve nomeado para um Óscar de Hollywood e venceu a Palma de Ouro em Cannes, reconstrói nesta peça o início da carreira de Warhol, revela a sua timidez, a amizade com o escritor Truman Capote e a sua ascensão no meio artístico.
Como pano de fundo e a marcar o ritmo está a música, cujas letras saíram da pena de Gus Van Sant, mas cuja direção está a cargo do português Paulo Furtado, o conhecido The Legendary Tigerman.
“Andy” é também a peça que marca a estreia do realizador de filmes como “Milk” ou “O Bom Rebelde” no teatro. De acordo com as suas palavras, o Andy Warhol que é retratado na peça “é uma personagem muito estranha que não condiz muito com a imagem que temos do Andy Warhol". Gus Van Sant explica, no entanto que a sua intenção foi "tentar juntar os melhores momentos da vida" dele "para explicar a ascensão no mundo da arte dos anos 1960".
Há muito que Gus Van Sant tinha ideia de fazer algo sobre o ícone da Pop Art, mas não tinha encontrado a fórmula. Foi aí que foi determinante a ação do encenador português John Romão que assina a dramaturgia deste musical.
"Eu tinha trabalhado durante algum tempo num projeto sobre Warhol, mas não tinha decidido completamente como é que seria, quando John Romão sugeriu que fizéssemos, isto. O musical surgiu, porque percebemos que poderia ficar bem", afirmou Gus Van Sant aos jornalistas no final de um dos ensaios do espetáculo.
Elenco com “carreira muito fresquinha”
Num cenário de fundo branco, marcado pela explosão de cores da Pop Art e das telas de Andy Warhol vemos no papel de Andy Warhol o ator Diogo Fernandes, encabeçando um elenco que conta ainda com Martim Martins, Lucas Dutra, Valdemar Brito, Helena Caldeira, Carolina Amaral, Miguel Amorim, João Gouveia e Francisco Monteiro.
São jovens atores com idades entre os 17 e os 23 anos, que interpretam as figuras com as quais Andy Warhol conviveu e se cruzou, desde o escritor Truman Capote, o pintor americano Jasper Johns, a cantora Nico, a atriz e modelo Edie Sedwick ou o fotógrafo Gerard Malanga.
À agência Lusa, Diogo Fernandes, de 23 anos confessa: “Sou muito inexperiente, estou no primeiro ano da Escola Superior de Teatro e Cinema”. O ator que protagoniza Andy Warhol valoriza a experiência de trabalho com Gus Van Sant e elogia a “grande liberdade” que o realizador deu ao elenco.
“Ele tinha a visão dele, mas dá-nos uma grande liberdade para trabalhar e aceita as nossas propostas e é uma simbiose e um trabalho de autor muito saudável”, afirma.
O jovem ator considera que "este momento vai ser marcante” para a vida destes artistas. “Todos nós estamos numa fase de carreira muito fresquinha, muito verde. E o facto de estarmos a trabalhar no nosso próprio país e um realizador norte-americano como o Gus Van Sant vir a Portugal trabalhar com um elenco português, não parece verdade. Não parece!", exclamou Diogo Fernandes.
Numa peça com assistência de encenação de Teresa Coutinho, vemos uma geração a nascer, ouvimos frases como “a arte a falar com o mundo moderno”, quando começa a despertar a Pop Art, que não foi logo bem recebida pela crítica.
Depois da estreia em Lisboa, "Andy" fará uma carreira internacional até ao final do ano. Daí também a opção de a peça ser falada em inglês. Gus Van Sant afirma que “os atores são muito experientes, embora sejam muito novos, dos 17 aos 23 anos. Fiquei surpreendido que fossem tão bons e falam muito bem inglês", explicou.
“Andy” também vai a Faro
A tournée internacional de “Andy” vai passar pelo festival Roma Europa, em Itália, de 7 a 10 de outubro, depois volta a Portugal para ser exibido a 16 de outubro no Teatro das Figuras, em Faro, e em novembro estreará em Amesterdão, nos Países Baixos, e Antuérpia, na Bélgica. Estão também previstas apresentações em Espanha, na cidade de Valladolid e em França nas cidades de Reims, Toulouse e Paris.
O musical “Andy”, é um dos temas do programa Ensaio Geral da Renascença, feito em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II e que poderá ouvir em antena ou em podcast na sexta-feira, depois das 23 horas.