O Papa Francisco divulgou esta sexta-feira a sua mensagem por ocasião do Dia Mundial da Alimentação de 2016, na qual recorda os “800 milhões de pessoas que ainda passam fome” actualmente.
O texto, endereçado à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), questiona um modelo de desenvolvimento que não consegue impedir as situações de fome e desnutrição.
“Já não basta impressionar-se e comover-se diante de quem, em qualquer latitude, pede o pão de cada dia”, afirma o Papa.
“É necessário decidir-se e actuar. Muitas vezes, também enquanto Igreja Católica, recordamos que os níveis de produção mundial são suficientes para garantir a alimentação de todos, com a condição de que haja uma justa distribuição”, acrescenta.
Alertando para as consequências das alterações climáticas, Francisco pede que o Acordo de Paris “não fique somente nas palavras, mas se transforme em corajosas decisões concretas”.
“Está a crescer o número dos que pensam que são omnipotentes e podem ignorar o ciclo das estações ou modificar indevidamente as diferentes espécies de animais e plantas, provocando a perda desta variedade que tem – e há de ter – uma função”, observou o Papa.
Ainda a respeito das manipulações genéticas, a mensagem adverte que “obter uma qualidade que dá excelentes resultados em laboratório pode ser vantajoso para alguns, mas pode ter efeitos desastrosos para outros”.
Francisco convida todos a prestar atenção à sabedoria dos produtores rurais.
“A sabedoria que os agricultores, os pescadores, os pecuaristas conservam na memória das gerações e que agora está a ser ridicularizada e esquecida por um modelo de produção que beneficia somente pequenos grupos e uma pequena porção da população mundial”, denunciou o Papa.
A mensagem evoca também as consequências das alterações climáticas para as migrações humanas da actualidade, falando em “migrantes climáticos” que engrossam “as filas desta caravana dos últimos, dos excluídos, daqueles a quem é negado um papel na grande família humana”.
O Papa termina com um apelo à mudança de rumo, para que “o desenvolvimento não seja somente uma prerrogativa de poucos nem os bens da criação sejam património dos poderosos”.