Dados da Comissão Europeia indicam que o valor médio do imobiliário em Portugal subiu 7,6% em 2016 e os preços das casas recuperaram os valores pré-crise. Bruxelas vai fazer recomendações ao país nos próximos dias, uma vez que os preços se aproximam do limite definido no mecanismo europeu de avaliação dos desequilíbrios macroeconómicos. No entanto, o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) afasta o cenário da criação de uma bolha imobiliária.
"Em Portugal nunca vai haver uma bolha imobiliária. O que está a acontecer é que em algumas cidades do país, nomeadamente Lisboa e Porto, e numa parte do Algarve, há zonas específicas onde os preços, para mim, estão acima daquilo que é o valor razoável", diz Luís Lima.
O presidente da APEMIP lembra que já em 2008 se falava no risco da criação dessa bolha, mas que, tal como alertou na altura, não se deve olhar para o sector imobiliário como sendo igual em todo o país.
"Não é por zonas específicas que vai haver uma bolha imobiliária. Os preços estão muito caros nessas zonas, mas noutras há outros preços. Temos que nos lembrar o que já aconteceu em 2008: falava-se muito que iria haver uma bolha imobiliária e já na altura demonstrei que não podemos olhar para o imobiliário como sendo igual em todo o país", explica.
Falta dinamizar arrendamento
O aumento do valor médio do imobiliário torna mais difícil a tarefa de quem quer comprar casa. O arrendamento não é uma alternativa competitiva, para Luís Lima, que defende que este mercado não está dinamizado.
"Andámos todos a discutir muito a questão da liberalização das rendas em vez de irmos àquilo que estava no preâmbulo da lei, que era a dinamização do mercado de arrendamento. Não fomos ao mais importante: criar confiança nos proprietários através da criação de um seguro de renda e a parte fiscal. Enquanto quem investe no mercado de arrendamento não for tributado pelo seu rendimento, pelo seu negócio, nunca vamos ter um verdadeiro mercado de arrendamento", reitera.
De acordo com o presidente da APEMIP, a falta de dinamização do mercado de arrendamento leva a que os proprietários invistam no alojamento local, mais rentável. Só o Estado pode, através das autarquias, atenuar a situação, defende.
"Os proprietários apoiam-se no alojamento local porque investem onde há mais rentabilidade. No arrendamento é completamente impossível investir com a carga fiscal que temos hoje em dia. É impossível actuar no mercado. Só o Estado é que pode através das autarquias atenuar esta dificuldade, senão a única hipótese dos jovens é comprar casa e isso não é para todos."