A Associação de Apoio às Vítimas do Surto de Legionella de Vila Franca de Xira aceita negociar indeminizações com as empresas arguidas, mas tem de ser para todos.
Isto porque as duas empresas arguidas - a Adubos de Portugal (ADP) e a General Electric - contactaram os advogados de algumas vítimas para chegarem a acordo e, assim, evitarem que o caso siga para julgamento. Nesta altura, não foi aceite qualquer indeminização e será marcada nova reunião.
Em declarações à Renascença, o presidente da associação de apoio às vítimas, Joaquim Ramos, afirma que a discussão sobre uma proposta de indeminização não pode ser só para alguns.
“Há 73 casos com nexo de causalidade com a ADP, está no processo do Ministério Público, e há 58 que se constituíram assistentes. As empresas, por aquilo que os sócios me transmitiram, só querem indemnizar esses 73 mais os 58”, explica Joaquim Ramos.
O que é certo é que num primeiro encontro, promovido pelas duas empresas, com os advogados das vítimas, que aconteceu em janeiro, num hotel em Vila Franca de Xira, o convite não foi para todos.
Os advogados das empresas ficaram de agendar uma nova reunião, “que ainda não tem data marcada”.
As empresas admitem indemnizar 131 pessoas, mas o presidente da associação defende que é preciso incluir todas as 412 vítimas contabilizadas no relatório do Ministério Público.
O valor da indeminização proposto pelas duas empresas, que é de 2,5 milhões de euros, também não recebe a concordância de Joaquim Ramos.
“Há vítimas mortais, há vítimas que na altura eram jovens. Cada caso é um caso e tudo isso tem de ser muito bem discutido”, sublinha.
A ideia é negociar em conjunto, vítimas e autarquia de Vila Franca de Xira, mas, até agora, não há acordo.
Em março de 2017, o Ministério Público acusou duas empresas e outros sete arguidos, por responsabilidades no surto de legionella, que aconteceu em novembro de 2014 e que causou 12 mortos e infetou mais de 400 pessoas.