A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou as novas regras fiscais propostas pelo governo, que procuram reequilibrar as contas públicas e libertar recursos para investimentos em áreas sociais.
O projeto de lei orçamental põe fim a uma polémica lei em vigor desde 2017, que impunha limites rígidos aos gastos públicos, e agora deve ser sancionada pelo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Os deputados, após várias horas de debates, acordos partidários e votações, acataram as recomendações do Senado para retirar do quadro fiscal os recursos para o Distrito Federal de Brasília e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica.
No entanto, a proposta de excluir o fundo de ciência e tecnologia das regras fiscais foi rejeitada pelos deputados.
Da mesma forma, não foi considerada a proposta de estender o cálculo da inflação para a elaboração do orçamento para o final do ano anterior.
O novo regime flexibiliza as regras atuais, mas estabelece um quadro que garante a responsabilidade fiscal e visa restabelecer o equilíbrio das contas do Estado.
De acordo com o novo quadro, o crescimento anual das despesas públicas será limitado a 70% da variação das receitas fiscais nos últimos 12 meses e deixará de ter como única referência a inflação.
De acordo com a proposta, o governo brasileiro compromete-se a reduzir o défice público primário para zero até 2024 e a alcançar um excedente primário equivalente a 0,5% do produto interno bruto (PIB) do país até 2025, aumentando para 1% até 2026.
Propõe igualmente controlos para evitar um aumento da dívida pública para além de 70% do PIB e permite o crescimento das despesas em áreas sociais fundamentais, como a educação e a saúde, até agora limitadas pelas regras atuais.
O Brasil registou um défice orçamental nominal em 2022 equivalente a 4,68% do PIB, superior ao de 2021, quando tinha sido de 4,31%.