A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, considera que o apoio financeiro do Estado para ajudar empresas afectadas pelos incêndios “é muito pouco”, mas deve ser disponibilizado de imediato.
“É uma gota, é muito pouco”, disse Assunção Cristas, quando questionada se será suficiente o apoio de 100 milhões de euros anunciado pelo Governo para recuperar todas as empresas atingidas pelos incêndios que deflagraram no dia 15 de Outubro.
Assunção Cristas, que falava aos jornalistas na zona industrial de Oliveira do Hospital, após ter visitado duas unidades industriais destruídas pelo fogo que assolou a região na semana passada, apontou o exemplo de uma empresa do sector têxtil, que empregava mais de 50 pessoas, e “precisará de 15 milhões de euros e um ano e meio a dois” para realizar a sua recuperação.
Ao lado desta fábrica, que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também já visitou, foi igualmente arrasada pelas chamas uma empresa de construção civil, onde estão ainda os destroços de dezenas de viaturas e máquinas.
Esta empresa vai necessitar, segundo os donos, “qualquer coisa como dois milhões e meio de euros” para poder retomar a laboração, acrescentou Assunção Cristas, que estava acompanhada de outros deputados do CDS-PP.
“O montante que até agora foi anunciado” pelo Governo para apoiar a reposição da capacidade produtiva das empresas destruídas, total ou parcialmente, “parece-nos muito pouco”, sublinhou.
No entanto, “o que existe tem de ser imediatamente mobilizado”, defendeu.
Ao referir que “há prejuízos muito grandes” na área industrial, a líder centrista realçou, por outro lado, que a actividade agrícola “demora ainda mais tempo a recuperar” dos danos causados pelos incêndios.
“Não se recuperam olivais ou vinhas num ano e meio ou em dois”, acrescentou.
Assunção Cristas insistiu ainda na proposta do CDS-PP para que seja criada “uma unidade de missão para a reconstrução”, liderada por “uma personalidade de reconhecido mérito” a nível nacional ou regional.
“A reconstrução tem de ser vista com toda a atenção”, adiantou, defendendo a necessidade de uma entidade “que possa servir de facilitador entre as empresas e o Estado, de maneira a que todos os processos sejam agilizados”.
Essa unidade de missão permitirá ainda “que as pessoas sintam que, de facto, não se está a perder tempo, antes se está a ajudar para recuperar o mais rapidamente possível estas capacidades produtivas” destruídas pelo fogo.
Antes da visita à zona industrial, Assunção Cristas visitou o quartel dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital, onde, da parte do comandante da corporação, Emídio Camacho, ouviu esclarecimentos e relatos da tragédia do dia 15.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de Outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em Junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.