Relacionar mortes com atrasos do INEM "é excessivo", diz sindicato
21-11-2024 - 15:14
 • Filipa Ribeiro

O líder do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar considera "excessivo" associar mortes aos atrasos no atendimento do INEM. Rui Lázaro "não rejeita", ainda assim, que possam ter acontecido.

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar considera que associar mortes com os atrasos no atendimento do INEM é "excessivo" . Rui Lázaro "não rejeita", ainda assim, que possam ter acontecido.

No parlamento, Rui Lázaro — que afirmou não ter "linhas vermelhas" nas negociações com o Ministério da Saúde — avançou ainda que uma nova reunião está agendada para 11 de dezembro.

"Relacionar as mortes com os atrasos é excessivo, porque isto implica que se analise as causas da morte (...) que se perceba, através de relatórios clínicos, se haveria ou não alguma coisa a fazer se a pessoa tivesse sido atendida atempadamente", afirmou o dirigente sindical. Por isso, só depois de apurado o que se passou é que se pode tentar "relacionar algumas mortes que ocorreram com os atrasos".

De resto, e falando ainda sobre os atrasos na resposta, o dirigente disse que o seu sindicato avisou que isso ia acontecer. "É suposto uma greve causar transtornos, mas não são exclusivos só por causa da greve."

Segundo Lázaro, a 28 de outubro, dois dias antes do início da greve convocada pelo sindicato que dirige às horas extraordinárias, foi registado "o maior número" de chamadas em espera em simultâneo. "Foram 134. Em nenhum dos dias da greve este número foi superado, portanto, o problema não foi necessariamente por causa da greve", acrescentou.

Sobre as negociações com a tutela, Lázaro disse que espera chegar a um acordo global. "Ao longo dos últimos anos, o INEM foi assegurando o seu serviço com horas extraordinárias, chegando ao ponto mesmo com as horas extraordinárias já não consegue garantir a operacionalidade nem de todos os meios de emergência médica, nem de todos os pontos de atendimento nas centrais de emergência e foi isso que nos trouxe ao estado atual", criticou.

Apesar dessa dependência às horas extra, o sindicalista garante que os técnicos "têm garantido uma resposta acima" do expectável.

Rui Lázaro afirma que a secretária de estado da Saúde foi informada a 10 de Outubro, 20 dias antes do início, sobre a greve às horas extraordinárias e que os serviços mínimos poderiam ter sido acautelados pelo INEM. "O INEM tem a possibilidade de solicitar serviços mínimos diferentes aos decretados pelo sindicato e isso não foi feito. Depois de definidos os serviços mínimos compete à Associação Sindical até 24 horas designar os trabalhadores a cumprir serviços mínimos , não o fazendo, compete à entidade patronal fazê-lo e pelo conhecimento que tivemos, não aconteceu", disse.

O sindicalista garante que os serviços mínimos "não foram designados e que foi enviado um email a três minutos do início do ultimo turno que não definia os trabalhadores que deviam cumprir os serviços mínimos".

Sobre as negociações que decorrem no ministério da saúde, Rui Lázaro diz que o sindicato se aproximou da proposta do Governo de revisão das carreiras, mas terá ficado "mais distante" da proposta de valorização salarial. De acodo com o sindicalista, a ministra da Saúde ficou de apresentar uma nova proposta.

Quanto à falta de recursos humanos, Rui Lázaro exemplificou com os 18 médicos que estão nos quadros do INEM quando deveriam ser 60.

O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar foi ouvido esta tarde na Comissão de Saúde, no parlamento.

Pelo menos 11 pessoas terão morrido na semana de 4 de novembro em consequência dos atrasos no atendimento pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes do INEM.