Entrevista a António Costa. Solução do PSD para os professores "não é sem custos”
24-01-2022 - 10:42
 • Susana Madureira Martins (entrevista) , Sofia Freitas Moreira (texto) , Joana Bourgard (fotografia e vídeo) , Inês Rocha (vídeo)

Para o candidato socialista, a resposta passa pela criação de um novo modelo de contratação e de vinculação dos professores. “Como disse na altura, nós íamos resolver o problema para o futuro, mas não podem pedir-nos que resolvamos todos os problemas acumulados do passado”, sublinha.

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António Costa diz que a antecipação da idade da reforma dos professores, para resolver o problema da reposição do tempo de serviço, não vem “sem custos”. O líder do PS comentava, em entrevista à Renascença, esta segunda-feira, uma proposta apresentada por Rui Rio.

Para o primeiro-ministro, a antecipação da idade de reforma destes profissionais implica “acelerar um desafio que nós temos e para o qual temos de responder bem, que é a renovação da atual geração de professores”.

“Para o doutor Rui Rio é mais fácil, porque ele não está preocupado, nem dá garantias que vai manter as turmas com o número de alunos reduzido e, obviamente, se aumentamos o número de alunos por turma, como no passado, precisamos de menos professores, e esse problema não se coloca, mas agrava um problema que é a qualidade da educação, que é a questão central”, continua António Costa.

Para o primeiro-ministro, a resposta passa pela criação de um novo modelo de contratação e de vinculação dos professores, de forma a “permitir aos professores vincularem mais rapidamente, estabilizarem a sua vida mais rapidamente e não andarem anos com a casa às costas”.

Costa atira ainda que “é sempre fácil e tentador ser simpático nas campanhas eleitorais, com as reivindicações que vão surgindo. Quando se deseja mesmo governar, devemos assumir os compromissos que estamos em condições de assumir”.

"Não podem pedir-nos que resolvamos todos os problemas" do passado

“Nós íamos resolver o problema para o futuro, mas não podem pedir-nos que resolvamos todos os problemas acumulados do passado. Foi o meu Governo que descongelou essas carreiras, que estiveram anos e anos congeladas. Nunca esteve descongelada tanto tempo como tem estado”, sublinha ainda.

António Costa refere que, graças às políticas adotadas nó últimos anos pelo Governo PS, “milhares de professores, entretanto, já progrediram na sua carreira”.

“Acho que no último escalão da carreira, o 10.º escalão, não havia ninguém que alguma vez lá tivesse chegado, e agora já há vários professores que atingiram esse escalão. Essa reposição da carreira é um ganho absolutamente extraordinário relativamente ao ano passado”, sublinha, admitindo, no entanto, que não há capacidade para compensar integralmente estes profissionais.

Durante a entrevista à Renascença na reta final da campanha para as eleições legislativas, o líder do PS recordou ainda que a mulher também foi educadora. “Lembro-me bem do que era a nossa vida durante o verão. Em agosto, começava a angústia de saber onde é que ia ser colocada. Eu percebo bem qual é essa vida dos professores e acho mesmo que é o mais prioritário que temos a fazer”, garante.

Nesta entrevista à Renascença, António Costa deixa a porta aberta a conversações com todos os partidos, à exceção do Chega. “Depois do aconteceu, não posso dizer que geringonça seja a única solução”, frisou.

O líder do PS e atual primeiro-ministro acredita que pode ter o Orçamento do Estado (OE) para 2022 em vigor em abril, caso seja reeleito, mas alerta que o mesmo pode não acontecer em caso de derrota.

O salário mínimo nacional (SMN) pode ir além dos 900 euros prometidos pelo Partido Socialista no seu programa eleitoral até 2026, afirma em entrevista à Renascença.