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A percorrer as estradas internacionais há 30 anos ao volante de um camião, António Brás diz à Renascença que compreende a realização da atual greve, mas também concorda que é preciso haver limites.
“Reivindicações todos nós temos, mas temos que ter consciência para não prejudicar os outros”, considera. “Temos de reivindicar os nossos interesses, mas temos de olhar para terceiros”, reforça.
“Concordo com esta greve”, prossegue, reconhecendo que tem “perdido muitos nestes últimos 30 anos de atividade. Era capaz de apoiar e entrar nesta greve”, resume.
António Brás chegou esta segunda-feira de Espanha para fazer um carregamento a Lisboa. Nas declarações à Renascença, relata que, à passagem por Aveiras, se deparou com militares da GNR a conduzir um camião.
“Vinha a passar em frente à refinaria de Aveiras, onde existe uma empresa de transporte de combustíveis, e fui barrado pela GNR para dois camiões passarem para as traseiras dessa refinaria, por onde estão a entrar, e onde iam dois GNR: um a conduzir e outro do lado do pendura”, descreve, contrariando o que o primeiro-ministro tinha dito ao final da manhã sobre a intervenção das forças de segurança.
No país vizinho, este camionista assistiu a algumas filas para abastecer na sequência da greve em Portugal.
“Nesta altura, os emigrantes e turistas estão a aproveitar para abastecer antes de entrar em Portugal. Tem sido assim toda a semana e nós, camiões, também atestamos antes de entrar em Portugal. Desde Vilar Formoso até Viseu já não havia gasóleo desde sexta-feira à tarde e em alguns sítios desde sábado de manhã”, revela ainda.
A greve dos camionistas de matérias perigosas e dos camionistas de mercadorias teve início às zero horas desta segunda-feira, 12 de agosto, e não data para terminar.
A convocação partiu do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), a que se associou o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% e declarou crise energética, o que implica "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e a garantia de abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.
Esta manhã, o primeiro-ministro elogiou o cumprimento dos serviços mínimos, mas o Sindicato dos Matérias Perigosas acusa os patrões de estarem a obrigar camionistas a trabalhar, mesmo quando não estão escalados.