Ministro da Saúde admite rever modelo que fechou urgências de pedopsiquiatria na Estefânia
02-03-2023 - 16:34
 • Anabela Góis com redação

Ainda assim, Manuel Pizarro diz estar confiante de que o novo modelo vai funcionar. As urgências do Hospital D. Estefânia estão, a partir desta semana, sem especialistas em psiquiatria da infância e adolescência entre as 20h e as 8h.

O ministro da Saúde admitiu esta quinta-feira vir a rever o novo modelo de urgências que ditou o encerramento do serviço de pedopsiquiatria do Hospital D. Estefânia durante a noite desde ontem.

Logo na estreia, um adolescente muito agitado e com grave perturbação mental teve de passar a última madrugada na rua, nos jardins do hospital pediátrico de Lisboa, porque os médicos pediatras não conseguiram controlá-lo, até à chegada dos especialistas em psiquiatria da infância e adolescência, já esta quinta-feira de manhã.

Confrontado com a situação, Manuel Pizarro desvaloriza o caso e diz que acredita na capacidade de resposta do Hospital D. Estefânia.

"Não tenho nenhuma dúvida de que um hospital tão diferenciado como o Hospital de D. Estefânia, com recursos médicos tão qualificados e com profissionais tão qualificados, organizará esse atendimento de forma segura para as crianças e para os jovens que a ele venham a recorrer nesse período noturno e que depois intervirá, quando for necessário, o pedopsiquiatra no período diurno", declarou o ministro aos jornalistas no Algarve.

Pizarro falava aos jornalistas no final do Conselho de Ministros que decorreu hoje em Faro, no âmbiro da iniciativa Governo + Próximo. O ministro disse ainda que o novo modelo que implica o fecho das urgências de pedopsiquiatria da Estefânia à noite visa aumentar o acesso dos doentes aos cuidados de saúde, não diminuí-lo.

"Estas medidas têm uma outra característica, é que todas são sujeitas a avaliação", acrescentou Manuel Pizarro. "Daqui a umas semanas ou uns meses estaremos em condições de avaliar se o que aconteceu foi o que nós esperávams ou se, pelo contrário, há alguma coisa que tenha de ser corrigida."

Ontem, o diretor do serviço de pediatria do Hospital D. Estefânia disse à Renascença que o novo modelo não foi bem pensado e não serve os utentes.

Segundo Gonçalo Cordeiro Ferreira, na impossibilidade de haver pedopsiquiatras presentes no turno da noite, deveria pelo menos haver um especialista de prevenção.