Com esta acusação explícita ao exército israelita, Borrell distancia-se da posição expressa na sexta-feira pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que evitaram mencionar Israel como autor dos ataques e apelaram a uma investigação para esclarecer os factos.
Este sábado, o chefe da diplomacia europeia não só apelou a uma "investigação internacional imparcial" sobre o que classificou como "trágico acontecimento", como foi mais longe ao declarar, em comunicado, que "a responsabilidade por este incidente é das restrições impostas pelo exército israelita" à entrada e distribuição de ajuda humanitária em Gaza.
Segundo Borrell, muitos dos civis que morreram ao tentarem obter os alimentos que um comboio humanitário transportava foram "vítimas do fogo israelita durante a debandada que se seguiu" a este acontecimento, que teve lugar na quinta-feira no norte da Faixa de Gaza.
É da responsabilidade de Israel "respeitar as regras do direito internacional e proteger a distribuição de ajuda humanitária às populações civis".
No entanto, o dirigente da UE também considera que "as obstruções de extremistas violentos à entrega de ajuda humanitária" são corresponsáveis pela tragédia, sem mencionar explicitamente quem são.
"Este incidente muito grave revela que as restrições à entrada de ajuda humanitária contribuem para criar carências, fome e doenças, mas também um nível de desespero que gera violência" entre os habitantes da Faixa de Gaza, acrescentou.
Borrell previu "um caos total que tornará impossível a distribuição de ajuda humanitária" se os combates entre Israel e o Hamas não cessarem e se persistir o "desrespeito pelo direito humanitário internacional".
Nesse sentido, apelou a Israel para que elimine as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza e permita o acesso humanitário "livre, desimpedido e seguro" através de todos os pontos de fronteira com a Faixa de Gaza.
Josep Borrell considerou, por outro lado, que fazer chegar alimentos ou bens essenciais através de lançamentos aéreos "deve ser a solução de último recurso", uma vez que "o seu impacto é mínimo e não isento de riscos para os civis".
Esta posição de Borrell foi feita um dia depois de o Presidente dos EUA, Joe Biden, ter anunciado a distribuição de alimentos e medicamentos por via aérea para Gaza.
Borrell insistiu na necessidade de um cessar-fogo na Faixa de Gaza para permitir a distribuição em grande escala de ajuda humanitária e proteger os civis.