O aumento do custo de vida é cada vez mais motivo para os pedidos de ajuda à DECO/Proteste. A associação de defesa do consumidor nunca tinha recebido tantos pedidos de auxílio como no ano passado, na ordem dos 31.500 pedidos de ajuda.
Em 2020, pela primeira, vez o aumento do custo de vida surgiu como o principal motivo - representa 36% das causas de dificuldade financeira.
Natália Nunes, da DECO, diz à Renascença que esta é uma tendência vai agravar-se em 2023.
“Aquilo que nós verificamos em 2023 é que o aumento do custo de vida continua, à semelhança daquilo que se verificou já em 2022, a ser uma das principais causas das dificuldades financeiras das famílias portuguesas”, adianta.
Segundo Natália Nunes, este ano 2023 “tem um peso ainda superior”, indicando que “44% das situações, que nos chegam este ano, são devidas ao aumento do custo da vida, que está a provocar grandes desafios para as famílias”.
Para a DECO/proteste, são as despesas com a alimentação e o crédito habitação que causam maior dificuldade às finanças das famílias.
“Isto tem muito a ver com o momento que estamos a viver, com um momento de inflação ainda elevada, sobretudo na fatura da alimentação, e nós, olhando para os orçamentos das famílias que nos pedem ajuda, verificamos que é a fatura da alimentação, mas também a da casa, nomeadamente a do crédito à habitação, em que as famílias têm, na sua maioria, a taxa variável que está de certa forma aqui a desequilibrar os orçamentos das famílias”, explica Natália Nunes.
Apoio trimestral é uma ajuda
Um milhão de famílias mais vulneráveis começa, esta quinta-feira, a receber o apoio trimestral de 90 euros. É o primeiro de quatro pagamentos, para um total de 360 euros até novembro.
A coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da DECO, considera que este apoio vai ajudar as famílias até porque “vai ser distribuído sobretudo às famílias de melhores e rendimentos”.
“É claro que fará que fará diferença e tem aqui o mérito de ser um apoio que vai ter uma continuidade e uma regularidade”, assinala.
No entanto, a responsável diz que outras formas de ajuda devem ser equacionadas.
“Terão que ser dados mais apoios e serem mais apoiadas as famílias de menores recursos”, defende, argumentando que “são sobretudo essas que estão muito afetadas com o aumento do custo dos preços, nomeadamente do supermercado, da alimentação”.
Já no que toca ao crédito à habitação e apesar de algumas medidas que têm vindo a ser adotadas, a DECO considera que “manifestamente insuficientes”.
Por isso, continua a reivindicar a criação de “uma linha de financiamento destinado a quem tenha crédito à habitação” e que possa ser utilizada por essas famílias.